Imigrantes brasileiros nos EUA: a ilusão do sonho americano e a carga de trabalho
Recentemente, viralizaram tanto no Youtube quando no X (antigo twitter) diversos vídeos de brasileiros imigrantes nos EUA em busca de uma vida melhor. Os vídeos ilustram opiniões, frustrações, dificuldades e alegrias dos imigrantes em busca do sonho americano.
A Revista Sociedade Militar resolveu consultar emigrantes, especialistas e consultores sobre o assunto para também elaborar um artigo sobre o assunto. Afinal, os brasileiros emigrarem para os EUA compensa?
Quem se dá bem nos EUA?
Se tem uma coisa que muitos imigrantes brasileiros nos EUA fazem é reclamar da jornada de trabalho. E, ironicamente, muitos saíram do Brasil porque por aqui também trabalhavam demais e ganhavam de menos. Curiosamente, no entanto, nos EUA a média de trabalho semanal é de 36,4 horas. No Brasil é de 44 horas ou mais (sem contar os famosos bicos para complementar a renda)..
De acordo com os especialistas ouvidos pela Revista, os imigrantes brasileiros que realmente prosperam nos EUA costumam pertencer a dois grupos extremos:
1. Quem não tem qualificação específica
Parece um insulto, mas não é. São aqueles que, no Brasil, não teriam muitas chances de ganharem bem. Pessoas que trabalhavam como faxineiros, jardineiros, manicures, garçons ou pedreiros, e que, nos EUA, recebem muito melhor do que jamais ganhariam aqui.
Claro, trabalham muito mais. A carga horária pode passar facilmente das 60 horas semanais. De acordo com especialistas, folga, férias ou plano de saúde são apenas sonhos distantes para essas pessoas em solo americano. A ideia é trabalhar o quanto o corpo aguentar e, se adoecer, torcer para não precisar de hospital. Afinal, o SUS não existe por lá, e, de acordo com especialistas, uma consulta pode custar o equivalente a um mês de trabalho.
Se o trabalhador tiver sorte e for contratado por uma empresa grande, pode ter acesso a algum plano de saúde, mas pagando caro. Férias? Depende da bondade do patrão. 13º salário também não existe por lá.
2. Quem é altamente qualificado
Aqui a história muda completamente. De acordo com analistas, engenheiros, cientistas, médicos, programadores e outros profissionais de elite são imigrantes que se dão muito bem nos EUA. Esses trabalhadores são caçados pelo mercado americano, recebem salários de seis dígitos, benefícios como plano de saúde, bônus, carro da empresa e até passagens pagas para visitar o Brasil.
Só que a cobrança vem na mesma moeda: trabalham muito, lidam com pressão absurda e, muitas vezes, não têm vida social. O preço do sucesso nos EUA para os imigrantes é alto, mas muitos aceitam sem piscar.
E quem fica no meio?
O problema está na grande massa de brasileiros que não são querem aceitar qualquer trabalho, mas também não são qualificados o bastante para serem disputados pelas empresas. Esses caem no limbo.
Primeiro, enfrentam barreiras absurdas para conseguir visto e trabalho. Depois, percebem que o custo de vida nos EUA é esmagador, principalmente em grandes cidades. Aluguel, seguro, saúde, educação para os filhos, tudo custa caro.
E quando os imigrantes percebem que a vida não é tão fácil assim nos EUA, voltar ao Brasil nem sempre é uma opção. Muitos não querem admitir que trocaram um emprego mediano no Brasil por uma vida apertada nos EUA.
O sonho americano tem um preço — E nem sempre vale a pena
A verdade é que ser imigrante nos EUA não é para qualquer um. O trabalhador brasileiro só se dá bem se estiver disposto a abrir mão de quase tudo: saúde, conforto, lazer e, muitas vezes, dignidade.
Mas ainda, de acordo com quem emigrou e teve sucesso, o país pode ser um paraíso. Para os extremamente pobres, pode ser a chance de ganhar mais do que jamais ganhariam no Brasil. Para os super qualificados também. Mas para o resto? Talvez seja apenas um grande pesadelo mascarado de oportunidade.