Missão histórica marca o início de uma cooperação estratégica entre os dois países
Pela primeira vez na história, o Exército Brasileiro está levando seu renomado treinamento de guerra na selva para a África do Sul! O Brasil deu início ao 1º Curso Internacional de Selva no país africano, conduzido por uma equipe de elite do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS). O CIGS é referência mundial em combate em ambientes hostis.
Por três semanas, militares brasileiros vão transmitir suas táticas de sobrevivência, patrulha e combate para 30 soldados do Exército Sul-Africano. O objetivo é sobretudo aprimorar suas habilidades e fortalecer a cooperação militar entre os dois países. A cerimônia de abertura, em 25 de março, foi conduzida pelo Chefe do Preparo da Força Terrestre da África do Sul, com a presença do Coronel Assis, Adido Militar do Brasil no país, e do Coronel Prazeres, Comandante do CIGS.
De acordo com o Coronel Prazeres, “o Brasil tem uma das forças mais preparadas para a guerra na selva do mundo, e essa especialização fortalece não só nossa parceria com a África do Sul, mas também a missão do CIGS de formar combatentes aptos a enfrentar os desafios impostos pelo terreno hostil da floresta”.
Por que o Exército Brasileiro está treinando soldados africanos em guerra na selva?
O interesse sul-africano no método do Exército Brasileiro de combate em selva não surgiu do nada. O Brasil já atua há anos em missões de paz na África, principalmente na República Democrática do Congo. Por lá, a África do Sul mantém tropas dentro da missão da ONU (MONUSCO). Além disso, militares brasileiros já prestam apoio operacional no Malawi, onde soldados sul-africanos integram a Missão de Paz da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).
A decisão de enviar instrutores brasileiros para a África do Sul foi selada em novembro de 2024. A ideia surgiu durante uma reunião diplomática entre o Comandante do Exército Brasileiro, General Tomás, e o Chefe do Exército Sul-Africano, Tenente-General Mbatha. A escolha estratégica mostra o crescimento da influência militar brasileira no continente africano, onde outros países – incluindo potências como EUA, Rússia e China – também buscam consolidar alianças.
Como será o treinamento?
O curso ocorre no 15º Batalhão de Infantaria (15 BAI), na província de Limpopo, região estratégica no nordeste da África do Sul. Trata-se de uma região próxima às fronteiras com Moçambique e Zimbábue. O terreno é ideal pois tem vasta semelhança com a selva, o que permite que os militares sul-africanos e o Exército Brasileiro experimentem condições realistas de combate.
O treinamento se divide em três fases intensivas:
- Vida na Selva – Técnicas de sobrevivência, sobretudo obtenção de alimento e água, construção de abrigos e primeiros socorros em ambiente hostil.
- Técnicas Especiais – Instruções de tiro, navegação e orientação, aprimorando principalmente a precisão e mobilidade em território denso.
- Operações – Patrulhas táticas, emboscadas e simulações de combate em selva, integrando todas as habilidades adquiridas.
Com essa iniciativa, o Brasil não apenas fortalece laços militares com a África do Sul, mas também consolida o Exército Brasileiro como referência global em guerra na selva. Trata-se sobretudo de um conhecimento que poucas nações dominam com excelência. Enquanto isso, outras potências acompanham de perto essa aproximação, já que a África tem se tornado um tabuleiro geopolítico cada vez mais disputado.