Enquanto boa parte da população acompanha discussões políticas ou questões econômicas imediatas, a Marinha do Brasil vem construindo um plano estratégico que pode reposicionar o país como uma potência militar naval no cenário internacional.
Dois movimentos estratégicos concentram os investimentos bilionários da Marinha do Brasil: a possível aquisição de embarcações anfíbias do Reino Unido e o ambicioso projeto de um porta-aviões nuclear 100% nacional, previsto para ser concluído até 2040.
Modernização estratégica da Marinha do Brasil
A Marinha do Brasil está conduzindo um ambicioso processo de modernização de sua força naval, com foco em expandir sua capacidade de projeção de poder no Atlântico Sul e em operações internacionais.
Essa modernização ocorre em duas frentes principais: a primeira é a negociação para a aquisição de navios anfíbios britânicos de grande porte; a segunda, o desenvolvimento de um porta-aviões nacional com propulsão nuclear.
Negociações com o Reino Unido para aquisição de navios anfíbios
De acordo com o portal O Globo, o Brasil é atualmente o principal candidato para adquirir dois navios de assalto anfíbio da classe Albion, pertencentes à Marinha Real do Reino Unido: o HMS Albion e o HMS Bulwark.
Essas embarcações, com mais de 20 mil toneladas cada, são projetadas para transportar até 400 soldados, veículos blindados e operar helicópteros pesados como o CH-47 Chinook.
As negociações foram confirmadas pela própria Marinha do Brasil em fevereiro de 2025, e em abril, uma carta de intenções foi assinada entre os Ministérios da Defesa do Brasil e do Reino Unido, abrindo caminho para avaliações técnicas e acordos financeiros.
Com essa aquisição, a Marinha brasileira espera ampliar significativamente sua capacidade de atuação em operações humanitárias, ações de presença e resposta rápida em situações de crise.
A incorporação dos navios Albion e Bulwark pode representar um salto operacional importante, substituindo embarcações antigas e dando à Força Naval uma presença robusta e moderna.
O projeto do porta-aviões nacional
Paralelamente à negociação com o Reino Unido, conforme anunciado pelo portal ‘Estadão‘, o Brasil está desenvolvendo o projeto de um porta-aviões nuclear de fabricação nacional, com previsão de conclusão até o ano de 2040.
Segundo o Plano Estratégico da Marinha (PEM 2040), esse projeto visa garantir a soberania e presença marítima do Brasil em áreas estratégicas, além de representar um avanço tecnológico e industrial de grande escala.
O investimento estimado gira em torno de R$ 28 bilhões, que deverão ser utilizados para desenvolvimento, testes, infraestrutura e construção do porta-aviões com propulsão nuclear, o primeiro desse tipo na América Latina.
A proposta prevê a colaboração com universidades, centros de pesquisa e empresas brasileiras especializadas em tecnologia naval, garantindo que o conhecimento adquirido permaneça no país e seja utilizado para futuras gerações de navios de guerra.
Essa iniciativa reforça o conceito de independência tecnológica e a estratégia de longo prazo para que o Brasil se torne referência na construção naval militar de alta complexidade.
Impactos geopolíticos e operacionais
Com essas iniciativas, o Brasil busca fortalecer sua presença no Atlântico Sul, uma região rica em recursos naturais, rotas comerciais e com crescente importância estratégica para a segurança global.
A ampliação da frota com navios anfíbios modernos e a futura construção de um porta-aviões nuclear permitem ao país realizar operações mais complexas, conjuntas e com maior raio de ação.
Além disso, esse reposicionamento coloca o Brasil em um patamar mais elevado dentro do cenário da defesa internacional, aproximando-o de potências que há décadas dominam o poder naval, como Estados Unidos, França e Reino Unido.
Um salto histórico para a defesa brasileira
A transformação em curso na Marinha do Brasil não é apenas uma atualização de equipamentos, mas uma mudança de postura estratégica diante dos desafios globais.
Ao adquirir embarcações de grande porte e investir em um porta-aviões nuclear, o país pode estar querendo enviar um recado claro: quer proteger seus interesses marítimos com autonomia, dissuasão e capacidade real de projeção de poder.
Se concretizados, os planos representarão uma ruptura com décadas de limitações orçamentárias e operacionais, abrindo uma nova era para a defesa naval brasileira.