Num laboratório da ficção, o Dr. Frankenstein criou vida a partir de pedaços desconectados. No mundo real, engenheiros militares dos Estados Unidos fizeram algo semelhante, só que com um caça de guerra.
Um jato furtivo, reconstruído a partir de partes de duas aeronaves F-35 destruídas, foi oficialmente aceito pela Força Aérea dos EUA como pronto para combate.
Batizado de “Frankenjet”, o avião é uma mistura literal de engenharia de guerra e reciclagem de alta tecnologia.
E agora, ele está pronto para voar novamente, após mais de uma década desde os acidentes que o deixaram em pedaços.
Uma criatura feita de destroços
O apelido “Frankenjet” não é apenas uma brincadeira: ele representa um marco inédito no reaproveitamento de tecnologia militar moderna.
Segundo o portal da ”CNN Brasil”, A aeronave resultou da fusão de componentes de dois F-35A, modelos de caça de quinta geração desenvolvidos pela Lockheed Martin que sofreram danos sérios em incidentes distintos.
O primeiro acidente ocorreu em 2014, quando um F-35A da Base Aérea de Eglin, na Flórida, sofreu uma falha catastrófica no motor antes de uma missão de treinamento.
Já o segundo caça, acidentado em 2020, teve danos estruturais, mas ainda possuía partes utilizáveis.
Foi a partir dessas duas carcaças que a equipe do Escritório do Programa Conjunto do F-35 (JPO, na sigla em inglês) decidiu costurar uma nova aeronave.
E assim nasceu o “Frankenjet”, um jato híbrido, montado com a precisão cirúrgica exigida por uma máquina de guerra de última geração.
Totalmente operacional e pronto para o combate
Em abril de 2025, o JPO confirmou oficialmente: o Frankenjet está 100% operacional.
“Está pronto para apoiar o combatente”, destacou o relatório técnico divulgado pelo comando do programa.
A notícia surpreendeu especialistas em defesa, já que a reconstrução de um caça tão complexo não era considerada viável até então.
O F-35 é uma das aeronaves mais tecnológicas e caras do mundo, com sistemas furtivos, aviônicos avançados e sensores de última geração.
Unir duas estruturas danificadas sem comprometer sua capacidade de combate foi considerado um feito engenhoso.
Mais do que economia: uma lição de engenharia militar
O projeto do Frankenjet representa também um esforço para evitar desperdícios bilionários.
Estima-se que o custo de um F-35A novo ultrapasse 80 milhões de dólares.
Ao reaproveitar componentes de dois aviões inutilizados, o Departamento de Defesa economizou milhões.
Além disso, o sucesso do programa pode abrir caminho para uma nova abordagem na manutenção e prolongamento da vida útil de caças modernos.
Em tempos de tensões geopolíticas crescentes, reaproveitar material militar pode se tornar uma estratégia frequente entre países que buscam eficiência operacional.
O que torna um caça de quinta geração tão especial
O F-35 Lightning II é considerado um dos caças mais avançados já produzidos.
Ele combina capacidades de furtividade, guerra eletrônica, sensores de longo alcance, comunicação em tempo real com outras unidades e capacidade de decolar de pistas curtas.
Além disso, consegue operar tanto em combates aéreos quanto em missões de ataque ao solo, vigilância e guerra eletrônica.
Essas características tornam a fusão bem-sucedida do “Frankenjet” ainda mais impressionante.
Unir sistemas eletrônicos e fuselagens de diferentes origens, garantindo pleno funcionamento, exige uma engenharia extremamente precisa e tecnologias de calibração muito sofisticadas.
Um experimento que pode mudar o futuro da aviação militar
A criação do “Frankenjet” pode ser apenas o começo de uma tendência.
Se o conceito se provar seguro, outros países e fabricantes poderão seguir o mesmo caminho, reaproveitando aeronaves danificadas como fonte de peças.
No contexto de guerras prolongadas ou embargos de peças, como os vistos na Ucrânia ou entre EUA e China, essa alternativa se tornaria vital para manter esquadrões operacionais.
O sucesso do projeto também fortalece a imagem da Lockheed Martin como líder em inovação militar e engenharia reversa.
Mistério, tecnologia e um toque de ficção científica
O nome “Frankenjet” carrega mais do que um charme de marketing.
Ele evoca a fusão entre o impossível e o prático, entre o descartável e o reutilizável, entre o antigo e o novo.
E mostra como até mesmo os destroços de uma aeronave de guerra podem se transformar em uma peça vital no arsenal mais poderoso do mundo.
Em um cenário global onde os custos com defesa aumentam vertiginosamente, ressuscitar um caça pode ser mais do que uma curiosidade: pode ser o futuro.