A startup Blue Water Autonomy, com sede em Boston (EUA), acaba de sair do modo furtivo e entrar em alto-mar com força total. A empresa arrecadou US$ 14 milhões em rodada de investimento inicial para desenvolver navios de guerra sem capitão, equipados com sistemas autônomos de navegação e controle operacional completo.
Em menos de 12 meses, a equipe — formada por ex-militares da Marinha dos EUA e talentos da Amazon Robotics e iRobot — projetou embarcações conceituais, desenvolveu uma autonomia full-stack e já realiza testes em um navio de 100 toneladas em ambiente real de água salgada.
Navios de guerra sem capitão já operam em testes com inteligência artificial
O diferencial da Blue Water está na construção de embarcações de superfície não tripuladas (USVs) com um sistema completo de autonomia integrada, do casco ao hardware e software. A tecnologia permite que os navios de guerra sem capitão operem sem tripulação humana, tomando decisões em tempo real com base em sensores, mapas navais, rastreadores de radar e protocolos de engajamento.
Os navios usam redes neurais e algoritmos adaptativos para navegar, evitar obstáculos, patrulhar áreas estratégicas e até responder a ameaças com comandos autônomos ou supervisionados remotamente.
Nova geração de guerra naval: autonomia full-stack e velocidade de produção
O projeto da Blue Water marca uma virada na indústria de defesa: a união entre expertise militar clássica e engenharia comercial de alta velocidade. Com a experiência de empresas como a iRobot — criadora do famoso robô doméstico Roomba — a startup adotou uma metodologia ágil para prototipagem e validação, algo incomum em projetos militares tradicionais.
Em um ritmo acelerado, a Blue Water já colocou na água um modelo funcional de 100 toneladas — com expectativa de expandir para embarcações de maior porte e múltiplos objetivos, como vigilância, logística, reabastecimento e até apoio tático em zonas de conflito.
Europa ainda não compete no ritmo dos navios de guerra autônomos americanos
Enquanto os navios de guerra sem capitão ganham força nos Estados Unidos, a Europa ainda patina no desenvolvimento de sistemas navais autônomos em larga escala. Algumas iniciativas no Reino Unido e na União Europeia tentam construir plataformas USVs, mas nenhuma parece operar com o mesmo nível de integração e velocidade alcançado pela Blue Water.
Especialistas apontam que, para competir globalmente, o ecossistema europeu precisará integrar autonomia full-stack desde o design estrutural até o software embarcado, e não apenas adaptar plataformas existentes com sistemas automatizados.