Em 2018, o índice de confiança da sociedade nas Forças Armadas brasileiras era muito alto. De acordo com uma pesquisa Datafolha realizada em junho daquele ano, 78% da população declararam confiar nas Forças Armadas. Essa pesquisa posicionou-as como uma das instituições mais confiáveis do Brasil, destacando a alta percepção positiva que os brasileiros tinham em relação ao Exército, à Marinha e à Força Aérea. Nos últimos anos, depois de altos e baixos em sua popularidade, os militares sutilmente estão voltando à cena pública.
A crise de confiança pós-2020 e o surgimento do termo “Meio-Fio”
Principalmente a partir de 2020, quando a pandemia de corona vírus se instalou no país, e graves escândalos envolveram generais da primeira linha do governo da época – que era altamente militarizado, a lua de mel entre o povo e os militares deu lugar à desilusão e à desconfiança.
A partir desse ano, nas manifestações na conta twitter do Exército brasileiro já começava timidamente a surgir o termo “meio-fio” como sinônimo de ofensa aos militares. Havia pouco mais de dez tuítes com o termo naquele ano.
Ainda que tacitamente, o tom de ofensa foi reconhecido pelo próprio EB, que chegou a autorizar a publicação no EBlog de um texto intitulado “Valores, deveres e ética militar: a ordem em meio ao caos”.
O primeiro parágrafo do artigo, de autoria do tenente coronel Maurício Gröhs é “sim, nós pintamos o meio-fio! E também engraxamos nossos coturnos. Sim, nós cortamos a grama! E também temos nossos cabelos cortados. Nós prezamos pela ordem em desfavor do caos.”
Queda drástica de confiança nas Forças Armadas: 37% em 2021
Em 2021, a confiança nas Forças Armadas brasileiras despencou de quase 80% para 37%. Essa era a porcentagem entre os entrevistados que afirmaram confiar nelas.
Esses dados foram coletados em mais uma pesquisa do Datafolha realizada em setembro daquele ano. A pesquisa refletia uma percepção pública que, conquanto ainda positiva, mostrava sinais de desgaste flagrante em comparação aos anos anteriores.
O Exército em Belém em ano de COP30
Em Belém do Pará, cidade que será palco da 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, também chamada de COP30, prevista para ocorrer entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, o Exército parece estar tentando voltar ao jogo sociopolítico.
Uma lei sancionada por Igor Normando (MDB), prefeito da capital paraense, permite que empresas e instituições adotem praças públicas. A Praça da Bandeira será a primeira, com museu e áreas de lazer.
O prefeito de Belém, Igor Normando, sancionou a Lei 9.881/2025, que cria o programa “Adote uma Praça”, permitindo parcerias entre poder público, iniciativa privada e outras instituições para revitalização de espaços urbanos.
Adote uma praça, Exército revitaliza espaços e busca aproximação
Segundo a imprensa local, o Exército Brasileiro será o primeiro “adotante“, assumindo a construção, manutenção e segurança da Praça da Bandeira, no bairro da Campina, que ganhará museu, quadra poliesportiva e áreas de alimentação em um projeto de 10 mil m².
“É um ganho significativo para a cidade, com segurança e qualidade para as famílias”, afirmou o chefe do poder municipal Normando.
O programa, coordenado por uma secretaria municipal específica, busca melhorar a conservação e infraestrutura das praças através de parcerias que incluem instalação de mobiliário urbano, pontos de hidratação e programação cultural.
De acordo com Fábio Rodrigues, secretário de Desoneração e Parcerias, a iniciativa permite “melhores experiências para a população sem comprometer os recursos públicos”, com espaços mais cuidados e atrativos através do engajamento comunitário e privado.
A lei estabelece comissão multissetorial para monitorar os projetos e regras para identificação dos parceiros nos locais adotados.