No dia 15 de maio de 2025, o prefeito de Belém do Pará, Igor Normando, anunciou — exultante — em seu perfil no Instagram, um convênio com o Exército Brasileiro para a recuperação e manutenção da Praça da Bandeira, no centro da capital paraense. A ação integra o programa municipal Adote uma Praça, voltado à revitalização de espaços públicos por meio de parcerias institucionais.
Segundo o Decreto Municipal 113.655 de 2025, que instituiu o programa Adote uma Praça em 14 de maio de 2025, o objetivo é: “viabilizar ações do Poder Público Municipal com a iniciativa privada, pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado, e com pessoas jurídicas de direito público visando ao aprimoramento de serviços de manutenção e zeladoria, bem como a conservação, execução e manutenção de melhorias urbanas, ambientais e paisagísticas de praças do Município“.

Exército foi o primeiro a ingressar no programa Adote uma praça
O Exército Brasileiro foi o primeiro a aderir ao programa e se comprometeu a realizar a limpeza, pintura e recuperação estrutural da Praça da Bandeira, além de manter a segurança do local. O espaço, com cerca de 10 mil metros quadrados, deverá receber ainda uma quadra esportiva, área de gastronomia, museu, espaço infantil e estacionamento, tudo sob os cuidados do Exército Brasileiro.
O vídeo publicado no Instagram mostra o prefeito ao lado de um general do Exército Brasileiro assinando o termo de parceria, além de imagens animadas do projeto de requalificação urbana.

Um dos pontos que geraram controvérsia é a comparação entre os custos da mão de obra civil e militar. De acordo com dados obtidos pela Revista Sociedade Militar, um agente de serviços urbanos ou agente de serviços gerais empregado na Prefeitura de Belém pode receber salários acima de R$ 5mil reais, enquanto um soldado do Exército Brasileiro — que vai realizar as tarefas de manutenção na referida praça — pode receber menos que um salário mínimo líquido, dependendo das deduções e natureza temporária do serviço militar. A disparidade salarial chama a atenção de comentaristas, que questionaram a economicidade e o propósito do uso de militares nessas atividades.
O debate nas redes sociais
A repercussão da publicação do prefeito em postagens nas redes sociais trouxe comentários interessantes que permitem analisar como a sociedade recebe a parceria, que de fato é inusitada, na medida em que as atividades constitucionais das Forças Armadas Brasileiras não incluem a manutenção e segurança de praças públicas.

Com base nos comentários coletados, foi realizada pela Revista Sociedade Militar uma análise de sentimentos com categorização em três grupos principais: negativo, neutro/reflexivo e positivo. Os resultados aproximados foram os seguintes:
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Sentimento negativo: 74%
Comentários que expressam indignação, crítica ao uso dos soldados em atividades civis, denúncias de desvalorização e desvio de função. -
Sentimento neutro/reflexivo: 16%
Comentários que apresentam ponderações, comparações com realidades de outros países, ou argumentações ambíguas, sem manifestação clara de apoio ou repúdio. -
Sentimento positivo: 10%
Comentários que apoiam a parceria entre o Exército e a Prefeitura, consideram a ação útil ou veem benefícios institucionais.
Exemplos de reações negativas incluem termos como “atividade degradante”, “vergonhoso”, “desrespeitoso”, além de críticas à ausência de garis municipais e à suposta subutilização dos militares em tarefas administrativas.
Entre os comentários de tom neutro, há debates sobre como a sociedade brasileira enxerga os militares em comparação com países como Estados Unidos, França ou Dinamarca, além de reflexões sobre o verdadeiro papel público das Forças Armadas.
Os comentários positivos destacam a utilidade da ação, elogiam a revitalização urbana e consideram que o envolvimento do Exército pode beneficiar a imagem da instituição perante a população.