Um projeto ambicioso do governo dos Estados Unidos está reacendendo debates sobre segurança internacional, corrida armamentista e equilíbrio estratégico global.
Em 2025, os norte-americanos anunciaram a criação de um sistema de defesa antimísseis de última geração, batizado de “Domo de Ouro”, uma referência direta ao já conhecido Domo de Ferro de Israel.
A proposta, que lembra os tempos mais intensos da Guerra Fria, pretende proteger o território dos EUA de ameaças que vão desde drones e mísseis hipersônicos até ataques lançados do espaço.
A promessa do governo é implantar um escudo militar capaz de interceptar e neutralizar ataques aéreos de qualquer parte do mundo.
O novo escudo bilionário dos EUA
Segundo informações do portal ”CNN Brasil”, o anúncio foi feito pelo presidente Donald Trump, que retornou à política com uma postura ainda mais agressiva no campo da defesa nacional.
De acordo com Trump, o Domo de Ouro custará aproximadamente 175 bilhões de dólares (cerca de R$ 990 bilhões) e contará com sensores e interceptores implantados em terra, no mar e também no espaço.
A previsão é que a estrutura esteja plenamente funcional até o final de seu mandato.
“A ameaça de ataque por mísseis balísticos, hipersônicos e de cruzeiro, além de outros ataques aéreos avançados, continua sendo a ameaça mais catastrófica enfrentada pelos Estados Unidos“, afirma um trecho da ordem executiva assinada logo após sua posse.
Segundo o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, o sistema protegerá o país de mísseis de cruzeiro, balísticos, hipersônicos, drones armados e até projéteis com ogivas nucleares.
A iniciativa retoma ideias lançadas ainda na década de 1980 pelo ex-presidente Ronald Reagan, com o controverso projeto “Guerra nas Estrelas”.
Na época, a proposta foi abandonada devido à inviabilidade tecnológica e aos custos altíssimos, mas serviu de base para os avanços atuais em interceptação e monitoramento de ameaças aéreas.
Inspirado em um modelo testado em guerra real
O Domo de Ouro dos EUA é claramente inspirado no sistema israelense conhecido como Domo de Ferro, em operação desde 2011.
Desenvolvido inicialmente em 2007 e com a primeira interceptação bem-sucedida registrada em abril de 2011, o Domo de Ferro é um sistema móvel de defesa antimísseis criado para neutralizar foguetes de curto e médio alcance.
De acordo com o Ministério da Defesa de Israel, o sistema já interceptou milhares de foguetes disparados a partir da Faixa de Gaza, impedindo que atingissem áreas urbanas em Israel.
A taxa de eficácia do Domo de Ferro ultrapassa 90%, o que o torna uma referência mundial no setor de defesa aérea.
O sistema funciona com auxílio de radares e sensores que detectam ameaças em tempo real. Ao identificar a trajetória de um projétil, o sistema calcula o ponto de impacto e, caso represente risco à população, lança um interceptador para neutralizar a ameaça ainda no ar.
Durante uma visita à região de Sderot, próxima à fronteira com Gaza, o jornalista Rodrigo Craveiro testemunhou a rotina de tensão dos israelenses, que convivem com sirenes e destroços de foguetes interceptados.
Os Estados Unidos participaram do financiamento e desenvolvimento da tecnologia israelense e continuam colaborando em sua modernização, o que fortaleceu a relação militar entre os dois países.
Impacto internacional e reações de potências
A proposta norte-americana de expandir seu sistema de defesa para uma escala global causou fortes reações no cenário internacional, principalmente entre seus rivais geopolíticos.
A Rússia, embora tenha adotado um tom diplomático, deixou claro que o movimento dos EUA interfere no equilíbrio militar global.
“Essa é uma questão de soberania dos EUA, mas é inevitável que se retomem os contatos para restaurar a estabilidade estratégica“, declarou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.
Já a China reagiu de forma mais contundente.
Em nota oficial, o governo chinês criticou duramente o projeto.
“Os Estados Unidos estão obcecados por sua segurança absoluta e colocam seus interesses acima dos demais. Isso viola o princípio da segurança compartilhada e compromete a estabilidade global”, afirmou Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês.
Segundo Pequim, um sistema antimísseis global como o proposto representa um desequilíbrio perigoso no xadrez estratégico internacional, e por isso, o governo chinês exige o abandono imediato da iniciativa.