Enquanto enfrenta uma das maiores crises de segurança interna das últimas décadas, a Colômbia está prestes a reforçar sua força aérea com um dos aviões militares mais avançados já produzidos no Hemisfério Sul.
Segundo informações do portal ”Aeroin‘, o cargueiro multimissão KC-390 Millennium, da Embraer, surgiu como o principal candidato para substituir os veteranos Hércules da frota colombiana.
No centro dessa possível aquisição está o fortalecimento das operações aéreas em território hostil, um desafio crescente para o país andino, que lida com conflitos armados, narcotráfico e grupos rebeldes armados.
A Colômbia avalia a compra de três unidades do KC-390, segundo confirmou o Ministro da Defesa do Brasil, José Múcio, em entrevista à agência Reuters.
A movimentação ocorre em um momento geopolítico delicado para Bogotá.
Após décadas tentando pacificar regiões dominadas por guerrilhas e cartéis, o governo do presidente Gustavo Petro passou a investir em renovação militar, com foco na eficácia operacional, interoperabilidade com aliados e soberania aérea.
Essa decisão vem logo após a Colômbia anunciar a aquisição dos modernos caças Gripen E/F, os mesmos em operação na Força Aérea Brasileira.
Agora, com o KC-390 na mira, o país demonstra um alinhamento crescente com tecnologias desenvolvidas ou adotadas pelo Brasil.
Um cargueiro militar de última geração que está conquistando o mundo
Desenvolvido pela Embraer em parceria com a Força Aérea Brasileira, o KC-390 é o maior avião já fabricado na América Latina.
Projetado para realizar desde transporte de tropas e veículos até reabastecimento em voo e evacuação médica, o Millennium tem se tornado um dos cargueiros táticos mais desejados por forças aéreas ao redor do mundo.
Com capacidade de operar em pistas curtas, ambientes não preparados e até mesmo em cenários de combate, o KC-390 é considerado um divisor de águas na aviação militar brasileira.
Atualmente, países como Portugal, Hungria, Áustria, Países Baixos e República Tcheca já encomendaram o modelo, além do Brasil, seu principal operador.
A entrada da Colômbia nesse grupo de compradores representaria um avanço estratégico para a diplomacia militar do Brasil na América do Sul, consolidando a Embraer como referência no fornecimento de tecnologias militares no continente.
Hércules em fim de carreira: a troca inevitável
A Força Aérea Colombiana (FAC) ainda opera seis aeronaves Lockheed C-130H Hércules, fabricadas nas décadas passadas e que, embora robustas, já demonstram limitações frente às exigências operacionais atuais.
Com sistemas defasados e manutenção cada vez mais onerosa, a substituição dessas aeronaves se tornou prioridade.
O KC-390 surge como substituto natural, oferecendo maior velocidade, maior capacidade de carga, aviônicos modernos e maior eficiência em missões táticas.
De acordo com o Ministro José Múcio, a Colômbia já demonstrava interesse prévio pelo cargueiro, e agora integra o seleto grupo de países em negociação ativa com a Embraer, ao lado de México, Índia, Polônia e Turquia.
O México, inclusive, recentemente foi apresentado oficialmente ao KC-390 durante uma visita militar, aumentando as expectativas de mais contratos na América Latina.
F-AIR Colombia: o palco do possível anúncio oficial
A negociação, ainda em andamento, poderá ter desfecho nas próximas semanas.
Há expectativa de que um anúncio oficial seja realizado durante a F-AIR Colombia, principal feira aeronáutica do país, marcada para julho de 2025.
Esse evento, de grande importância no cenário regional, reunirá fabricantes de todo o mundo e representantes das maiores forças armadas da América do Sul.
Caso o contrato seja confirmado, a Colômbia será o segundo país latino-americano a operar o cargueiro tático brasileiro, reforçando a imagem do KC-390 como um produto militar competitivo e confiável.
Além disso, o reforço na aviação colombiana traria implicações diretas para as operações de apoio logístico e combate às forças ilegais que atuam em regiões de difícil acesso, como selvas e zonas montanhosas.
A versatilidade do KC-390 pode se tornar peça-chave na guerra interna que o país enfrenta contra as dissidências das FARC, grupos armados e quadrilhas transnacionais.
Brasil ganha protagonismo com exportações militares
A possível venda à Colômbia é mais uma peça no tabuleiro da expansão internacional da indústria de defesa brasileira.
Nos últimos anos, a Embraer Defesa e Segurança ampliou sua carteira de clientes internacionais e aumentou sua visibilidade em feiras e eventos militares globais.
A linha de montagem do KC-390, localizada em Gavião Peixoto (SP), já se prepara para novos contratos.
Mais do que uma vitória comercial, o acordo com a Colômbia pode consolidar um novo eixo de cooperação militar sul-americano, com o Brasil como fornecedor de tecnologia de ponta e parceiro estratégico de países vizinhos.