Soldados moçambicanos enfrentam condições extremamente precárias em Cabo Delgado, com a falta de comida e atrasos salariais de três meses, o que compromete a luta contra o terrorismo na região, conforme alertam especialistas. O relatório do observatório Cabo Ligado destaca que a falta de recursos básicos não apenas debilita a eficácia militar, mas também facilita a propaganda e o aliciamento por parte dos insurgentes.
Rufino Sitoe, especialista em resolução de conflitos, observa que as dificuldades financeiras e a falta de alimento podem levar os militares a se engajarem em atividades ilícitas como saques de comunidades e negócios locais, como forma de sobrevivência. Este cenário aumenta a vulnerabilidade das comunidades locais, já bastante afetadas pelos ataques de grupos extremistas.
Além dos desafios no campo, as forças armadas enfrentam desmotivação crescente entre os soldados e dificuldade em manter a moral elevada, situação que os insurgentes exploram para fortalecer suas fileiras. Jasmine Opperman, especialista em contra-insurgência, adverte sobre a necessidade de abordar as diferenças sócio-linguísticas e de confiança entre os soldados e as populações locais, visando melhorar a eficácia das operações de contra-insurgência.
Esta crise aponta para um problema mais amplo de recursos e capacidade de resposta do governo moçambicano, colocando em xeque a estabilidade futura da região e a eficácia das forças armadas em proteger o país contra ameaças internas e externas.
Fonte: DW