A Marinha do Brasil está otimista com a construção do primeiro submarino de propulsão nuclear nacional, o Álvaro Alberto. Isso se deve a acordos assinados durante a visita do presidente francês, Emmanuel Macron, ao Brasil em março.
Os acordos visam ampliar a colaboração entre Brasil e França na pesquisa de minerais estratégicos, com foco nas reservas de urânio brasileiras. A França tem interesse em importar o minério brasileiro no futuro.
A Marinha acredita que esses acordos podem facilitar as negociações para a construção do submarino nuclear. Até agora, a França tem ajudado o Brasil no design do casco do submarino, mas não na tecnologia para acomodar o reator nuclear e fornecer energia para a propulsão.
O Brasil tem a capacidade de fabricar o reator nuclear e enriquecer o urânio, mas enfrenta dificuldades para obter outros equipamentos ligados à parte nuclear. Esses incluem peças, bombas e válvulas que seriam usadas na turbina e no gerador, mas que não são fabricadas nem certificadas no Brasil.
Os acordos assinados são vistos como um sinal de que Brasil e França querem manter a colaboração no setor mineral. No entanto, as declarações de intenções são vagas e não trazem resultados práticos.
A resistência da França em ajudar na parte nuclear do submarino brasileiro é devido ao fato de ser signatária do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Apesar de o submarino em desenvolvimento não usar armas nucleares, apenas o combustível para a propulsão, a França decidiu não se envolver nesse aspecto.
A Marinha avalia que potências do Ocidente são contra o Brasil possuir um submarino de propulsão nuclear, devido à melhora no desempenho que a Força obteria com o produto.
Ainda assim, a Marinha está otimista de que os acordos podem favorecer as negociações para a construção do submarino nuclear. Afinal, cerca de 70% da energia gerada na França vem de usinas nucleares, e o país tem planos de aumentar essa fonte no âmbito da transição energética.
Fonte: Folha de São Paulo