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A reação contra o pelotão de “militares funkeiros” divide o Exército: diversão ou indisciplina? Paraquedistas antigos taxam de “indignos”

por Sociedade Militar Publicado em 26/10/2024
A reação contra o pelotão de “militares funkeiros” divide o Exército: diversão ou indisciplina? Paraquedistas antigos taxam de “indignos”

A recente festividade envolvendo militares do Exército Brasileiro, onde foi gravado um vídeo com militares sem camisa bebendo e dançando funk em uma unidade de paraquedistas no Rio de Janeiro, desencadeou reações intensas e extremamente polarizadas nas redes sociais de militares do Exército Brasileiro e forças armadas em geral. No perfil @revistasociedademilitar no Instagram foram mais de 120 comentários em poucas horas.

As imagens do evento, que circulam amplamente na internet, mostraram militares da tropa se divertindo durante uma confraternização, o que – segundo a imprensa e áudios de próprios militares enviados à Revista Sociedade Militar – levou a exonerações e prisões.

O Comando do Exército Brasileiro, encabeçado pelo General de Exército Tomás Miguel Miné, ainda não emitiu comunicados sobre o assunto.

Uma análise dos sentimentos feita por inteligência artificial usando comentários dos usuários de canais militares na internet revela um predomínio de insatisfação, com críticas sobre a adequação e os limites da conduta dentro das forças armadas, embora alguns defendam o direito ao lazer dos militares e o uso de danças para a diversão e descontração.

Algumas das questões resultantes da polêmica são: se trata de um momento de descontração permitido? Se fosse outro rítimo diferente do funk seria considerado “indigno” e indisciplina? É ou não permitido que se faça esse tipo de comemoração dentro de um quartel, mesmo que as despesas sejam pagas pelos próprios militares?

Sentimento majoritário foi de indignação e repúdio

A maioria das reações apuradas nos campos de participação de leitores é de repúdio. Comentários como o de @carlosalbertoofs, que ironiza perguntando se a tropa “é de qual facção”, e @flavioandre31, que classifica o evento como uma “vergonha”, exemplificam a revolta. Para muitos, a confraternização compromete a imagem do Exército, considerada uma instituição de alta disciplina e respeito. @jaider927 lamenta: “Quartel sem comando, que vergonha!”, enquanto @janice.saleti enfatiza a necessidade de ética militar, mencionando que “quartel não é local pra se fazer baile funk com proibidão”. Esse tipo de comentário reflete o desapontamento de seguidores que veem na situação uma transgressão ao código militar.

Outros usuários manifestaram um tom de decepção e nostalgia, lamentando uma suposta “decadência” das forças armadas ao comparar o evento atual com épocas passadas. @baenasremo, um ex-infantaria, expressa-se com sarcasmo: “O EB já era… fui infante… pé preto e já vi cada uma atualmente… mas há mais de 30 anos isso não tinha”. Esses comentários evidenciam um sentimento de perda de tradição e seriedade na tropa.

Em resposta a comentários sobre se tratar de militares em serviço militar obrigatório um militar mais antigo disse que na tropa de paraquedista todos são voluntários:  ” Não existe “serviço militar obrigatório” na Bda Inf Pqdt. Muito menos no 26° BI Pqdt, onde não há nem recrutas. Não há justificativa. Deram mole e tiveram o azar do Cmdo Bda cumprir o regulamento. A ressaca pós farra, pelo visto, será longa”.

Nessa mesma linha um militar na reserva disse que a tropa deve se comportar mesmo em momentos de lazer: “Pqp, se você serviu e não aprendeu noções do quanto vale a imagem corporativa de uma entidade, de como deve se comportar uma tropa dentro do quartel mesmo estando se divertindo e descontraindo e com uma música lixo desta natureza , teus 31 anos dentro de uma hierarquia militar não te serviu de pohaaaaa nenhuma.”

Comentários de militares reserva no Rio sobre festa com funk no quartel
Comentários de militares reserva no Rio sobre festa com funk no quartel

A Favor de um momento de descontração

“Militar é robô?! Não pode mais tirar UM dia para relaxar a mente, tem que sustentar a escala 2×1 com expediente no dia seguinte, não ter feriado, final de semana e ser sério 24hrs por dia , o ano todo!!”

Apesar das críticas predominantes, alguns usuários se manifestaram a favor dos militares, defendendo o evento como um merecido momento de descontração. @italonreis argumenta: “Militar é robô? Não pode mais tirar UM dia para relaxar a mente… tem que ser sério 24hrs por dia, o ano todo?” Esse comentário, curtido por 19 pessoas, sugere empatia com a rotina exaustiva dos militares, vista como justificativa para uma pausa ocasional.

Em outra defesa, @solangelimamacedo comenta que “eles têm direito de se divertir, não vejo nada de errado nisso”, ressaltando que, desde que não prejudiquem o país, o lazer no quartel não deveria ser visto como problema. Um comentário de @eliseu_filhotj até compara o cenário ao de outros países: “Se fosse nos EUA, tava todo mundo aplaudindo! Mas temos o complexo vira-lata!”.

Críticas ao vazamento e à exposição da imagem militar

Além das críticas à festividade em si, muitos destacaram o erro em filmar e divulgar o evento, considerado uma exposição negativa da instituição. @moraeslippe aponta: “O problema não é fazer… O problema é gravar e divulgar… daí as cadeias”. Para esses, a questão não seria a confraternização em si, mas o fato de ela ter sido tornada pública, o que acaba por expor o Exército a críticas.

No Twitter, o usuário @Junioradixjr reforça essa percepção ao comentar: “Militarismo não é bagunça, segue o barco”. Esse comentário ressoa com a visão de muitos de que a gravação representa um desrespeito à imagem das forças armadas e à seriedade do ambiente militar.

Vídeo no instagram @RevistaSociedadeMilitar


Robson Augusto – Revista Sociedade Militar

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