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China planeja “guerra eletrônica” contra porta-aviões dos EUA em cenário de guerra, revela relatório do Exército de Libertação Popular

por Sérvulo Pimentel Publicado em 20/12/2024
China planeja “guerra eletrônica” contra porta-aviões dos EUA em cenário de guerra, revela relatório do Exército de Libertação Popular

Especialistas chineses revelam estratégia para atacar radares e sistemas de defesa americanos, buscando enfraquecer a capacidade de resposta dos grupos de porta-aviões em um cenário de conflito. A informação, divulgada pelo jornal South China Morning Post, expõe a vulnerabilidade de tecnologias cruciais para a Marinha dos EUA.

Imagine uma batalha naval onde os navios não conseguem enxergar o inimigo: é esse cenário que a China busca criar, segundo informações divulgadas pelo jornal South China Morning Post. Uma unidade de guerra eletrônica do Exército de Libertação Popular (ELP) elaborou um plano detalhado para atacar os radares, sensores e sistemas de comunicação dos grupos de porta-aviões dos Estados Unidos. O objetivo é claro: enfraquecer as defesas aéreas e a capacidade de resposta americana em um possível conflito.

Ataque coordenado

Segundo o relatório, elaborado por uma unidade de guerra eletrônica do Exército de Libertação Popular (ELP), a China identificou diversos alvos estratégicos para um ataque coordenado contra os sistemas de defesa dos EUA. A principal intenção seria prejudicar a capacidade dos porta-aviões americanos de detectar e interceptar ameaças aéreas, enfraquecendo suas defesas durante um conflito militar.

Unidade do Exército de Libertação Popular elabora plano para desabilitar a defesa dos grupos de porta-aviões dos EUA em cenário de guerra. (Foto: US Navy)

Entre os alvos principais, destacam-se os radares AN/SPY-1, presentes nos navios Aegis, e os sistemas de comunicação da frota de porta-aviões dos Estados Unidos. Esses radares, em operação há mais de 40 anos, são considerados vulneráveis às novas tecnologias de guerra, como os drones, que podem gerar falsos alvos e confundir o sistema.

Vulnerabilidades dos EUA

O plano chinês também aponta a fragilidade do sistema de defesa cooperativa da Marinha dos EUA, o Cooperative Engagement Capability (CEC). Este sistema permite que todos os navios de um grupo de porta-aviões compartilhem informações e recursos de defesa, lançando mísseis para interceptar ameaças, mesmo quando seus sensores não detectam o alvo. No entanto, o CEC depende de links de comunicação sem fio, que podem ser interrompidos por interferências eletrônicas, tornando-o vulnerável a ataques.

Outro alvo identificado foi o E-2C Hawkeye, uma aeronave de alerta antecipado fundamental para a coordenação da frota americana. A China também apontou que a exploração dos transponders militares dos EUA poderia permitir o acesso direto à rede CEC, possibilitando que ataques fossem realizados imitando respostas amigáveis, confundindo o sistema de defesa.

Avanço tecnológico da China

A China, conhecida por ser a maior produtora mundial de dispositivos eletrônicos, tem acelerado a integração de tecnologias civis em sua área militar. Segundo um estudo recente, mais de 90% das novas tecnologias desenvolvidas no setor civil da China estão sendo adaptadas para uso no exército. Essa estratégia foi impulsionada em parte pelas sanções impostas pelos EUA a empresas chinesas, que, apesar das restrições, não impediram o avanço tecnológico do país asiático.

A integração crescente entre as indústrias civil e militar coloca a China como um dos maiores desafios tecnológicos para as forças armadas ocidentais. A possibilidade de um ataque eletrônico coordenado contra os sistemas de defesa dos EUA pode representar uma grande vantagem estratégica em um possível confronto.

Desafios para os EUA

A revelação do plano chinês expõe as fraquezas de alguns dos sistemas de defesa mais sofisticados dos Estados Unidos, como o CEC e os radares Aegis. Em um cenário de guerra, esses pontos vulneráveis poderiam comprometer a capacidade de resposta da Marinha dos EUA, permitindo que a China atue de maneira mais eficaz, enfraquecendo a defesa americana.

O impacto dessa estratégia de guerra eletrônica é incerto, mas a China demonstra estar cada vez mais preparada para enfrentar os desafios tecnológicos impostos pelos Estados Unidos e a Europa, tornando-se uma ameaça crescente no campo militar global.

Sérvulo Pimentel

Sérvulo Pimentel

Apaixonado pela língua portuguesa e pelo universo militar, Sérvulo é professor há dez anos e atua como redator há cinco, sendo um especialista na produção de notícias sobre Defesa Nacional e sociedade militar. Na Revista Sociedade Militar, dedica-se a levar informações confiáveis e bem apuradas ao público, sempre prezando pela responsabilidade jornalística e imparcialidade. Seu compromisso é contribuir para um debate informado e acessível sobre temas estratégicos e sociais, aproximando os leitores das principais questões que envolvem as Forças Armadas e a sociedade.