Em um mundo onde a criminalidade está cada vez mais sofisticada, alguns grupos organizados buscam formas de se manter à frente da lei.
Um exemplo disso é a facção Terceiro Comando Puro (TCP), que, sob o comando de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, montou uma verdadeira estrutura de inteligência e tecnologia de guerra para garantir sua supremacia e combater rivais.
O que parecia ser uma facção comum logo se revelou como um sistema criminoso altamente eficiente, que, além de traficar drogas e armas, se armou com dispositivos e estratégias avançadas para dificultar o trabalho da polícia e expandir seu território.
A sofisticação do crime organizado no Brasil
Segundo o portal ‘Metrópoles‘, esse esquema de inteligência foi desmantelado após uma série de investigações realizadas pela Polícia Federal (PF)., que, com a ajuda de agentes infiltrados e interceptações de comunicações, descobriu como a facção vinha utilizando armamentos pesados e tecnologia de ponta para fortalecer sua guerra contra o Comando Vermelho (CV) e outras facções.
Entre os métodos mais impressionantes estavam os bloqueadores de sinais, drones armados e rádios de comunicação de última geração, todos adquiridos por meio de um sofisticado sistema de compras internacionais.
O braço direito de Peixão, Everson Vieira Francesquet, conhecido como “Deus”, teve um papel crucial nessa operação.
Ele foi o responsável por coordenar as aquisições de tecnologia e armamentos, atuando diretamente com fornecedores internacionais, especialmente de países como o Paraguai e a China, para garantir que a facção tivesse os melhores equipamentos disponíveis.
O poder dos bloqueadores de sinais
Um dos itens mais impressionantes adquiridos pela quadrilha foram os bloqueadores de sinais, conhecidos como jammers.
Esses dispositivos têm a capacidade de interromper sinais de GPS, celulares e Wi-Fi, dificultando o rastreamento de cargas roubadas e impedindo a interceptação de conversas e movimentações por parte da polícia.
Everson demonstrava uma obsessão por esses equipamentos, negociando compras quase semanais com fornecedores estrangeiros.
Ele sabia que quanto mais poderoso fosse o bloqueador de sinais, mais difícil seria para a polícia monitorar e desmantelar as operações do TCP.
Tecnologia para neutralizar drones
Outro dispositivo que chamou atenção foi o fuzil anti-drone, utilizado pela facção para derrubar drones que fossem utilizados pela polícia em suas investigações.
O equipamento foi apreendido durante a prisão de Everson, e segundo as investigações, foi adquirido com a autorização direta de Peixão, que bancou a compra com recursos da facção.
O uso de drones também não se limitou à defesa contra a polícia.
Drones armados com granadas foram empregados pela facção em ataques contra comunidades rivais.
Com um custo de aproximadamente R$ 30 mil, esses drones foram adquiridos para intensificar as ações violentas, dando à facção uma vantagem estratégica.
Essa tecnologia de ponta foi um marco na evolução das táticas utilizadas por grupos criminosos no Brasil.
Comunicações blindadas: o segredo da facção
A comunicação entre os membros da facção era outro aspecto que chamou atenção das autoridades.
Rádios de comunicação de longa distância e sistemas de comunicação de alta tecnologia permitiram que os integrantes do TCP se conectassem de forma segura, mesmo durante confrontos e fugas.
A facção sabia que manter a comunicação intacta era essencial para o sucesso de suas operações.
Everson, o operador logístico da quadrilha, também foi responsável pela compra de equipamentos que possibilitavam a interceptação de comunicações policiais, dando à facção um enorme poder de espionagem.
Esses dispositivos permitiam que o TCP antecipasse os movimentos da polícia, tornando muito mais difícil a atuação das forças de segurança.
Estratégias de disfarce e operações internacionais
A operação criminosa foi ainda mais sofisticada quando se tratou da logística de envio dos materiais ilegais.
Para despistar as autoridades, os produtos ilegais adquiridos pela facção eram enviados de forma disfarçada.
Os pacotes eram rotulados como “eletric toy” (brinquedo eletrônico) e enviados por empresas de transporte ou pelos Correios.
A origem desses envios vinha, em sua maioria, de países como Hong Kong, o que complicava ainda mais a rastreabilidade dos equipamentos ilegais.
As transações financeiras também eram disfarçadas, sendo realizadas por laranjas, com valores transferidos por meio de Pix, uma forma de pagamento instantânea popular no Brasil.
Comprovantes de pagamentos, como os de R$ 30 mil e R$ 32 mil, mostraram que essas compras eram feitas em grande escala, com o objetivo de abastecer a facção com o que havia de mais avançado em termos de armamentos e equipamentos de espionagem.
O futuro do combate ao crime organizado no Brasil
Com a evolução da tecnologia e a adaptação dos grupos criminosos a ela, as autoridades enfrentam um grande desafio.
A utilização desses dispositivos exige que a Polícia Federal e outros órgãos de segurança desenvolvam estratégias mais sofisticadas de monitoramento e combate ao crime.
Além disso, a cooperação internacional torna-se cada vez mais importante, visto que muitos dos produtos ilegais adquiridos pelos criminosos vêm de outros países.
O caso de Peixão e Everson, que foram desmascarados por suas operações de alto risco, é apenas um exemplo do que está por vir.
À medida que as facções se armam com mais poderosos recursos tecnológicos, o Brasil precisará se adaptar para enfrentar uma criminalidade cada vez mais inteligente.