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Crise silenciosa no Exército Brasileiro: desvalorização da carreira afasta profissionais de saúde e especialistas

A força do Exército que se esvai: desinteresse crescente entre profissionais especializados

por Noel Budeguer
01/04/2025
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Durante décadas, o Exército Brasileiro foi sinônimo de estabilidade, prestígio e propósito. Entretanto, nos últimos anos, a instituição tem enfrentado um desafio alarmante: a dificuldade de atrair e reter profissionais altamente qualificados, sobretudo nas áreas técnicas e de saúde.

Engenheiros, médicos e outros especialistas estão cada vez mais optando por carreiras no setor privado ou em outras esferas do serviço público, onde encontram salários mais competitivos, liberdade profissional e melhores condições de trabalho.

A crise, que se intensifica a cada novo edital de concurso, já preocupa os altos comandos da Força Terrestre e impacta diretamente a capacidade operacional do Exército.

Sistema de saúde do Exército em alerta: falta de especialistas compromete atendimento

O problema é especialmente grave na área da saúde. O sistema médico do Exército já não consegue atender com eficiência a demanda interna, levando a uma dependência crescente de serviços civis. De acordo com dados recentes, muitos concursos não têm conseguido preencher o número de vagas disponíveis. E, quando conseguem, a maioria dos aprovados são clínicos gerais, deixando lacunas em especialidades essenciais para contextos de guerra, missões humanitárias e apoio em regiões remotas.

A rigidez da hierarquia, somada à incerteza sobre o local de trabalho e a falta de perspectivas de crescimento, tem sido apontada como uma das causas principais da evasão de talentos. Médicos altamente qualificados, por exemplo, podem obter salários até três vezes superiores na iniciativa privada, com liberdade para montar agendas e atuar em diferentes instituições.

Progressão de carreira limitada e estagnação profissional

Outro fator que contribui para o desinteresse é a limitação na progressão de carreira. O número de médicos que atinge o generalato é irrisório. O decreto de janeiro de 2025 prevê apenas cinco cargos de oficiais generais médicos em todo o Exército — o que demonstra a ausência de um plano de carreira atrativo para esses profissionais.

Essa estagnação desestimula não apenas os que já estão na corporação, mas também os jovens em formação que, diante da realidade, optam por trilhar caminhos com mais perspectivas fora da vida militar.

Regionalização e incentivos no exército: medidas paliativas diante de um problema estrutural?

Em uma tentativa de reverter o cenário, o Exército adotou recentemente medidas emergenciais como a regionalização dos concursos, direcionando candidatos desde o início para localidades com maior carência de pessoal. A ideia é reduzir a insegurança quanto ao destino de lotação, um dos principais pontos de desistência entre os interessados.

Outras medidas incluem:

  • Pontuação adicional para promoções em regiões prioritárias;

  • Possibilidade de acesso a cursos de altos estudos ainda como capitão;

  • Manutenção da formação de 37 semanas na Escola de Saúde, em Salvador (BA).

Apesar dessas mudanças, especialistas avaliam que elas não são suficientes. A questão central — os salários defasados e a ausência de um plano de carreira claro — permanece intocada.

Evasão entre praças também cresce: problema vai além da elite técnica

A crise não atinge apenas os oficiais da área de saúde. Praças — como cabos e sargentos — também estão deixando a corporação em ritmo acelerado. Fatores como a politização dos quartéis, carga excessiva de trabalho, salários baixos e falta de perspectiva contribuem para o desânimo generalizado entre os quadros da base.

O que antes era visto como um caminho de ascensão social e estabilidade, hoje parece cada vez mais um labirinto de incertezas.

O peso da missão: entre vocação e realidade

Apesar das dificuldades, ainda existem histórias de resistência e vocação. Como a de uma médica militar que, logo após se formar, pediu para ser lotada em Tabatinga, no interior do Amazonas, uma das regiões mais remotas do Brasil. Movida pela vontade de “fazer a diferença onde só o Exército está presente”, ela decidiu seguir carreira, completou a Escola de Saúde e hoje integra uma Brigada Paraquedista, representando a resiliência de muitos que acreditam na missão acima dos obstáculos.

O futuro das Forças Armadas em xeque

O Exército Brasileiro vive uma encruzilhada. Se deseja preservar sua capacidade operacional e manter-se relevante como instituição de Estado, precisa ir além de soluções paliativas. É necessário rever sua política de incentivos, atualizar os salários, modernizar a estrutura de carreira e, sobretudo, valorizar o capital humano — seu recurso mais estratégico.

A farda, para muitos, ainda representa honra, compromisso e amor à pátria. Mas, sem mudanças estruturais, o país corre o risco de ver a força verde-oliva enfraquecer, não por falta de bravura, mas por ausência de condições dignas para aqueles que juraram defendê-lo.

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