A inacreditável história do artilheiro que caiu junto com a cauda de um B-17 durante a Segunda Guerra — e sobreviveu para contar
A Segunda Guerra Mundial é um celeiro de narrativas heroicas, bizarras e histórias quase inacreditáveis. Mas poucas se comparam à do Sargento Eugene P. Moran. Eugene, um jovem americano que, em plena Alemanha nazista, despencou com a cauda de um bombardeiro B-17 e sobreviveu. Sim, você leu certo — a cauda caiu separada do avião, com o artilheiro ainda dentro!
O episódio, digno de roteiro cinematográfico (e talvez injustamente esquecido), ocorreu em 29 de novembro de 1943. Era o auge da campanha de bombardeios da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) contra alvos estratégicos na Alemanha.
O bombardeiro isolado e a vingança alemã
Naquele dia, centenas de bombardeiros B-17 Flying Fortress cruzaram os céus rumo a Bremen. Entre eles, estava o B-17F-100-BO, número de série 42-30359, carinhosamente apelidado de “Rikki Tikki Tavi”. O Rikki pertencia ao 339º Esquadrão do 96º Grupo de Bombardeiros. Após cumprir sua missão e liberar as bombas sobre o alvo, o avião foi atingido por caças alemães — uma cena comum, mas quase sempre mortal.

Gravemente danificado e incapaz de manter a formação com os demais, o “Rikki Tikki Tavi” ficou vulnerável. Fora da proteção dos demais bombardeiros, tornou-se presa fácil da retaliação furiosa dos caças da Luftwaffe, determinados a vingar a destruição de Bremen. Em um ataque intenso, a cauda do B-17 simplesmente se partiu em pleno voo.
Um milagre dentro do pesadelo
A bordo estavam dez tripulantes. Apenas dois sobreviveram. Um deles foi o navegador, Segundo-Tenente Jesse E. Orrison, que conseguiu saltar de paraquedas. O outro foi o artilheiro de cauda, Sargento Eugene P. Moran. Numa cena que desafia qualquer lógica, Eugene permaneceu preso na seção traseira enquanto caía em queda livre sobre a Alemanha.
Ferido, com o paraquedas inutilizado pelos tiros e sem ter chance de escapar, Moran caiu junto com os destroços — e sobreviveu! A seção da cauda, por sorte (ou intervenção divina, diriam alguns), caiu numa área arborizada, o que amorteceu o impacto. O local do pouso forçado foi nas redondezas de Syke, ao sul de Bremen.
Prisioneiro, herói, esquecido — e redescoberto
Moran foi capturado pelos alemães, assim como Orrison. Contudo, ambos sobreviveram ao cativeiro. O que torna tudo ainda mais extraordinário é que a história desse artilheiro da Segunda Guerra poderia ter sido encarada como um mito de guerra, não fosse a confirmação de Orrison, que testemunhou o que acontecera com o colega.
Após sua libertação, Moran foi condecorado com duas Purple Hearts, a Medalha Aérea com Folha de Ouro, a Medalha do Teatro Europeu e a Medalha de Boa Conduta. O artilheiro voltou para sua pequena cidade natal, Soldiers Grove, Wisconsin, onde se casou, teve nove filhos e viveu até os 90 anos. Posteriormente, Moran faleceu, em 2014.
Em 2008, a cidade prestou uma homenagem à altura: batizou uma rua com seu nome. Anos depois, seu amigo John Armbruster escreveu o livro “Tailspin“, publicado em 2022. O livro resgatou essa história da Segunda Guerra Mundial que, por muito tempo, se escondeu nos arquivos da guerra.
“Tailspin”, de John Armbruster, de 2022, é a principal fonte sobre essa história inacreditável.