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PLANO ESTRATÉGICO DO EXÉRCITO 2020/2023, QUE LÁSTIMA 

por Sociedade Militar
10/12/2020
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   As vezes penso em “jogar a toalha”, uma vez que, tendo encerrado a carreira como coronel, o posto não alcança o nivel hierárquico imaginado para a ponderação em assuntos pertinentes à problemática que envolve o trato dos assuntos afins com a alta estratégia no campo militar do poder nacional. Entretanto, com todas as honras e sinais de respeito, não devemos nos calar quando, na leitura do plano em questão, nos deparamos com algumas idiossincrasias, todas, para variar, redigidas no mais rebuscado linguajar escolástico da EsCEME, mas que, não obstante, novamente, fazem com que se “coloque a boca no mundo”, alto e bom som. Senão vejamos.

   Quanto a um dos objetivos estratégicos preconizados, o de “contribuir para a dissuasão extrarregional”, que se diga, o mais importante do texto pelo que representa em termos de sobrevida da nossa soberania, persiste uma ênfase desmesurada na estratégia de “ampliação da mobilidade e elasticidade da Força Terrestre”, a ser lograda pela ação de “reestruturar as forças blindadas” através da atividade de “obter para e/ou modernizá-las, inclusive os regimentos de cavalaria blindados/RCB”. Daí os questionamentos básicos, que não querem calar: por que? para que? aonde? quando? como?

  “Por que”, qual a nossa maior necessidade defensiva, o cone sul ou a Amazônia? “Para que”, para o enfrentamento de ameaças à segurança interna em ações de GLO, quem sabe, para derrubada de abatises em zonas liberadas pelo crime organizado? “Aonde”, no Oriente Médio, integrando coalizões militares imperialistas dos “grandes predadores militares”?  Que não se duvide será na grande região norte. “Quando”, pressintam, que seja dito, só terão emprego garantido após um desembarque bem sucedido pelos inimigos todo poderosos. “Como”, com certeza nos moldes da resistência soviética, por ocasião da Segunda Grande Guerra, já em plena conduta de “terra arrasada”, num quadro de movimentos retrógrados com vistas a evitar o prosseguimento do oponente, eixado logicamente para o Planalto Central.

   Obrigatoriamente, os papiros da EsCEME, sobre o emprego das brigadas de arma base nas retiradas, precisam sair dos baús. Na posição de sentido e com a mão na pala, mas o Ministério da Defesa deve estar pleno de condestáveis com menção “MB’’ nas provas pertinentes daquela Escola de “alto saber”. Sim porque, ao que tudo indica, preferem combater no território invadido ao invés de dissuadir o inimigo ainda em alto mar. Aonde se escondeu o “bom senso” tão enfatizado em todos os nossos estabelecimentos de ensino ao longo da carreira? E a noção de “objetividade” quanto a se obter o que realmente desequilibra? Falo de poder de fogo superior.

   Uma outra estratégia, com vistas a esta “ampliação da mobilidade e elasticidade do Exército”, tem como escopo “mecanizar a força” através das seguintes atividades: obter as plataformas que compõem a chamada “Nova família de Blindados Sobre Rodas”; mecanizar as brigadas/batalhões de infantaria em processo de transformação para grandes unidades/unidades de infantaria mecanizada; obter e/ou modernizar as forças mecanizadas. Uma tríade surreal de nada mais nada menos do que “2044” VBTP Guarani, armadas, é de pasmar, com “estilingues.30”, uma modernização a ser concluída no prazo “animador” de 20 anos. Brincadeira!

   Para desespero de todos nós, quanto a outro objetivo estratégico visualizado, qual seja o de “ampliação da capacidade operacional”, no que tange a ação estratégica de ‘rearticular e reestruturar a artilharia de campanha” (percebam que nem de leve particulariza a de “mísseis e foguetes de cruzeiro”), prescreve as seguintes atividades: implantar o 6º GAMF em Formosa/GO, persistindo em fazê-lo bem distante do litoral, talvez embalado pelo ritmo da aventura que será desloca-lo, sob fogos longínquos do oponente, durante todo o percurso que será obrigado a fazer, por estradas esburacadas, desde Brasília até o Rio de Janeiro ou Santos, para se obter alcance ínfimo de 300 Km, a partir da linha do mar (prezados companheiros “da luta”, por favor respondam, seria o “incrível exército de BRANCALEONE?); obter o míssil tático (apelidado de cruzeiro para “dourar a pílula”) e foguetes guiados para o Sistema ASTROS II, e eu que pensei que, pelo menos, o AVM-300 Km (chamam de MATADOR, mas só se for de “mosquitos”, já que é limitado em alcance/carga pelo famigerado MCTR, aquele ajuste de lesa pátria que o comandante-em-chefe das FFAA não tem a hombridade de denunciar) já lotasse os paióis. O mais surpreendente é que tudo isto subentende uma “capacidade militar terrestre” visualizada de “superioridade no enfrentamento”. Durma-se com um barulho desses! E pensar que bastariam, tão somente, 15 baterias x 15 viaturas plataformas ASTROS II (225 VPTF), para guarnecer o arco de defesa alada Tabatinga-AM/Rio Grande-RS, absolutamente vital para o País.

   Pobres dos nossos filhos e netos que usam uniformes, fadados ao sacrifício da própria vida, sem nenhuma chance de vitória, obrigados a lutar ao invés de dissuadir. Não, em absoluto, não se pode aceitar o pouco caso, a acomodação, o alheamento, a subserviência, o amadorismo no trato da defesa nacional. Todavia, também não se pode perder a esperança que uma liderança militar, de posto máximo na hierarquia castrense, da ativa ou da reserva, possa surgir de forma a vociferar, diuturnamente, nos moldes escritos ou mesmo orais, em prol de uma defesa que seja definitivamente capaz de intimidar os países poderosos, aqueles que, volta e meia, destilam suas ameaças descabidas, justo aquelas que são rebatidas, apenas e tão somente, pelas bravatas de governantes tiranicamente ignorantes da nossa incapacidade dissuasiva em termos defensivos. Enfim, “alea jacta est” e que o “Deus dos Exércitos” nos proteja!

Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior

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