O número de comentários no vídeo publicado pela Escola de Guerra naval com a entrevista do comandante da Marinha é o maior já visto no canal. O espaço da instituição no Youtube, que foi recentemente criado, até então tinha como “top de bilheteria” um vídeo sobre as atividades da escola, que recebeu cerca de 900 visualizações e apenas 5 comentários. Contudo, no que diz respeito ao vídeo onde o almirante Garnier, que hoje comanda a Marinha do Brasil, fala sobre diversos assuntos relacionados à Marinha, mas dá destaque à reestruturação das carreiras, a coisa é diferente, já houveram quase 2.5 mil visualizações e o número de comentários ultrapassa 70 participações. A maior parte dos textos postados por militares e pensionistas no campo de comentários são reclamações relacionadas à reestruturação das carreiras, sancionada em 2019 por Jair Bolsonaro.
A tramitação do projeto que gerou a lei em questão foi tumultuadíssima, vários oficiais generais admitem que erraram na avaliação do processo legislativo e que não esperavam que as praças na reserva remunerada oferecessem tanta resistência a ponto de obrigar o governo, acuado, num gesto desesperado em busca de apoio, a inserir no projeto de lei vários itens relacionados aos policiais e bombeiros em troca do apoio dos parlamentares da chamada bancada da bala.
O governo, por conta de pressões dos graduados, foi obrigado também a retirar do projeto de lei um artigo que daria para os generais uma gratificação de 10% sobre os soldos, a título de representação e que seria vitalícia, paga na ativa e na reserva.
Durante a tramitação do projeto de lei a defesa fez uma operação de monitoramento de militares, jornalistas e políticos usando as redes sociais. O objetivo era aferir a “temperatura” das redes e traçar estratégias para influenciar no processo visando a aprovação da proposta.
Insatisfação… os generais tiveram menos que todo mundo!
A fala do comandante da Marinha à EGN causou insatisfação em vários momentos, mas os militares que repudiaram o oficial nas redes sociais destacam dois trechos principais, o primeiro deles diz que os oficiais generais foram os que menos ganharam com a reestruturação e um segundo trecho que diz que os suboficiais foram os que ganharam mais, que estes receberam 73% de aumento proporcional com a reestruturação das carreiras.
Como um rastilho de pólvora a coisa se alastrou pela internet e organizadores da manifestação dessa quinta-feira declaram que se o objetivo era dissuadir a tropa na reserva de participar de ato em repulsa à nova lei, a entrevista acabou surtindo efeito contrário.
“tentou mascarar… Uma inverdade… eu acho que ele acirrou mais ainda a coisa, os ânimos… ” (Wagner Coelho, organizador)
Um comentário postado no canal da Revista Sociedade Militar no Youtube, entre muitos, revela o que grande parte dos militares graduados hoje pensa sobre a cúpula das instituições militares do Brasil.
“Infelizmente, o comandante tenta deixar transparecer que os milhares e milhares de militares e pensionistas prejudicados com a “reestruturação” da carreira das Forças Armadas são insanos. Na verdade, ele apenas cumpre o seu papel, que, na era da informação, revela o quanto necessitamos de representantes compromissados com a nossa classe, no Congresso Nacional. A esperança de resgate mais latente dos veteranos esquecidos está nos homens de toga.”
A manifestação marcada para essa quinta-feira é – segundo informado – em repúdio a lei 13.954, conhecida como reestruturação das carreiras que – segundo militares ouvidos – privilegiou somente algumas categorias de militares, deixando a maior parte da tropa com vantagens menores ou até prejuízos, como é o caso de várias pensionistas.
Abaixo a opinião de alguns militares que participaram da tramitação da lei em 2019
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar