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Repórter da globo chora pela morte de criminoso – Visão de um policial

por Sociedade Militar Publicado em 20/12/2022
Repórter da globo chora pela morte de criminoso – Visão de um policial

Título original: Repórter da globo chora pela morte de criminoso

Um assaltante de carga foi morto pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, na Estrada do Galeão, ao entrar em confronto, frustrando uma tentativa de roubo.
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Quatro criminosos tentaram roubar uma carreta, mas foram avistados por uma patrulha da PM, como não conseguiram levar o caminhão, roubaram um carro e foi iniciado uma perseguição com troca de tiros. Um criminoso foi atingido e entrou em óbito, os outros três conseguiram fugir. Ao dar a notícia na TV, o repórter Alexandre Henderson, da TV Globo, ficou emocionado e chorou ao relatar sobre o encontro da família com o cadáver do bandido ainda no chão.

“Não cabe a gente, eu que sou jornalista, julgar. Inclusive, me doeu ver a família desse bandido chorando”.

Pra ser bem sincero, eu até fiquei surpreendido por ele ter se referido ao morto como “bandido” e não como “suspeito”.

Acompanho essas reações da mídia antes mesmo de entrar para as fileiras da Polícia Militar, e lá se foram 28 anos, contudo, as coisas mudaram. As redes sociais tomaram o lugar da grande imprensa, que falavam exatamente a mesma língua. Hoje a opinião pública tem voz, ainda que queiram calar. O povo incomoda, a liberdade é restrita a quem tem poder.

Nesse curto espaço de liberdade de expressão, apareceram também outras vozes na própria imprensa, como por exemplo a Jovem Pan, Revista Oeste, Gazeta do Povo e esse veículo que posso me orgulhar de compartilhar algumas matérias, a Revista Sociedade Militar.

Sendo assim, cenas como as que comentei, que eram antes romantizadas e acolhidas pela turma de sempre, foram ridicularizadas em cadeia nacional.

É importante entender que isso ocorre, e ainda vai ocorrer, devido a uma doutrinação ideológica não só nos meios acadêmicos, como desde os primeiros anos de educação, no cinema, teatro, novelas, etc. São posições ideológicas implícitas e explicitas bombardeadas diuturnamente, que mesmo sem perceber, logo estamos repetindo slogans que servem para o objetivo de alguém.

Há vários exemplos, como: “não reaja”, “cadeia não resolve”, “prisão é universidade do crime”, “armas matam”, “não é possível fiscalizar as fronteiras”, “ a guerra das drogas é uma guerra perdida”, etc.

Outras mensagens são bem diretas e com origem partidária, estudadas cuidadosamente para a sua finalidade, no caso, acaba atingindo mais a militância que as propaga, contudo, atinge também aos mais descuidados, aqueles que não possuem posição definida e são o grande alvo, pois em uma democracia costumam ser numerosos.

Por exemplo: “ninguém larga a mão de ninguém”, ‘fascistas não passarão”, “não vai ter golpe”, “ele não”, “viva o SUS”, “mais livros, menos armas”, etc.

Há meios acadêmicos que atraem mais um certo tipo de militância, costumeiramente a área de humanas, e como no caso citado, a carreira jornalística.

Um estudo realizado na Universidade Federal de Santa Catarina em 2021 chegouà conclusão de que mais de 80% dos jornalistas são de esquerda e apenas 4% se declararam de direita e centro direita.Outra pesquisa realizada pelo TSE identificou que 7,4% da população brasileira é filiada a algum partido político, já entre os jornalistas, esse índice aumenta para 10,3%

Os jornalistas que participam do Prêmio Congresso em Foco, quase todos os anos indicam o Psol como o partido melhor avaliado. Os que ficam mais próximos são o PT, PCdoB e PSB.

Isso se traduz no pensamento sobre Segurança Pública, em que o bandido é no máximo uma vítima da sociedade ou até mesmo uma ferramenta contra o sistema opressor capitalista. Como dito pela filósofa Márcia Tiburi, “a lógica do assalto”.

Nessa mentalidade a polícia é opressora, as drogas devem ser liberadas, o sistema penitenciário passar por um desencarceramento em massa, o detento reeducado e reinserido a sociedade.

Só há uma parte esquecida nesse processo: a vítima.

Enquanto criminosos cumprem penas ínfimas e ainda permanecem praticando crimes durante o pouco tempo que ficam encarcerados quando dão azar e são presos, a vítima é esquecida por completo, e às vezes até apontada como culpada, ou por ter reagido, ou por estar usando joias, relógio, estar distraída, não ter deixado o carro em um estacionamento, andar na rua tarde da noite, e assim por diante.

A vítima de um assassino perde a vida e a família um ente querido, muitas vezes o provedor daquela família. O autor ficará preso por alguns poucos anos, logo estará em progressão de regime, com saídas temporárias, visita íntima, etc.

Uma tentativa de homicídio mal sucedida pode causar um paraplégico, e o autor ficará em média menos de 3 anos preso.

Uma pessoa abusada sexualmente carregará as marcas psicológicas para sempre. Da mesma forma que uma vítima de sequestro.

O dono de um comércio que foi assaltado investe o pouco que ganha em segurança e tem medo de denunciar os assaltantes.

E aquela pessoa que juntou todo o dinheiro de uma vida e o perde, vítima de um estelionatário, se soubesse melhor faria justiça com as próprias mãos, pois estelionatário no Brasil, na prática, não fica preso em regime fechado.

Essa doutrinação é uma das responsáveis pelo caos em nossa Segurança Pública, pois formam opiniões que são transformadas em programa utópicos e nunca testados, ricos em narrativas, e que na prática, não produzem resultados. A prova disso são os índices criminais das últimas décadas que só aumentam.

Por hoje, enquanto temos liberdade, nossas vozes podem ser ouvidas, ainda que seja para criticar ou ridicularizar o ato desse repórter.

Davidson Abreu é analista de Segurança Pública com mais de 28 anos de experiência.

Bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas / Professor, Escritor e palestrante / Autor do livro Tolerância Zero e outros.

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