O Cruzador Bahia, depois de ter atuado com glória na segunda grande guerra, foi palco de um terrível acidente. Em 4 de julho de 1945, durante um treinamento de tiro, as cargas explosivas em seu porão na popa foram atingidas e o navio acabou afundando em minutos, ocasionando 336 mortes. As perdas foram sentidas principalmente no Nordeste, sede do navio. A inauguração do monumento ocorreu em 8 de dezembro de 2022, em Recife.
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O único oficial que sobreviveu ao naufrágio foi o então primeiro tenente Lúcio Torres Dias, que depois veio a se tornar almirante. Sua filha compareceu ao evento e foi homenageada.

Fala do Almirante Garnier
No honroso cargo de Comandante da Marinha de todos os brasileiros, é para mim uma satisfação muito grande estar aqui hoje, no porto da capital pernambucana, para uma ocasião tão especial, carregada do mais nobre simbolismo, na qual homenageamos heróis que deram a vida e enfrentaram a morte para a defesa da liberdade e da soberania do nosso Brasil.
O naufrágio do intrépido cruzador Bahia, uma das nossas mais versáteis belonaves na primeira metade do século passado, representou a mais significativa perda registrada pela Marinha do Brasil no mar, durante a Segunda Guerra Mundial, maior conflito armado já ocorrido na história da humanidade.
A Marinha do Brasil foi a primeira das Forças Armadas brasileiras a ingressar na Segunda Guerra e a última a deixá-la. Sua principal tarefa, executada em conjunto com a Marinha Mercante, foi manter ativas as linhas de transporte marítimo, essenciais à sobrevivência do país, ante a ameaça constante de submarinos inimigos.
Naquele período, a Marinha do Brasil realizou um penoso e silencioso trabalho, tendo escoltado e protegido 3.161 navios mercantes no Atlântico Sul. Esforço que não foi incólume, pois ao longo da Guerra o Brasil perdeu 30 navios mercantes e um navio pesqueiro, com o sacrifício de 982 vidas, entre passageiros e tripulantes.
No conflito, além do Cruzador “Bahia”, a Marinha do Brasil sofreu as perdas da Corveta “Camaquã” e do Navio-Auxiliar “Vital de Oliveira”, que resultaram na morte de 469 marinheiros. Dos teatros de operação em que o Brasil se fez presente na 2ª Guerra Mundial, o mar foi, seguramente, o que registrou as maiores baixas.
Importante também relembrar que o “Bahia” e a “Camaquã” eram navios que faziam parte da Força Naval do Nordeste, cujo Comando, a cargo do Almirante Soares Dutra, ficava sediado aqui no Recife. Portanto, esta área portuária da cidade do Recife foi também o lar dos bravos homens do mar que hoje homenageamos.
Entretanto, o que mais torna este momento tão significativo, é o fato de que muitos desses valorosos combatentes e trabalhadores do mar, que tombaram nos conveses sombreados pelo tremular da nossa bandeira verde e amarela, tiveram o seu sepulcro nas profundezas do oceano. Infelizmente, não tiveram direito a velório e nem mesmo a um túmulo onde seus familiares e amigos pudessem chorar a saudade.
Essa é a importância e a justiça de termos aqui, no porto do Recife, um monumento como esse que inauguramos hoje em homenagem a eles, pois é o nosso dever nunca esquecermos daqueles que se sacrificaram para nos garantir a liberdade e a soberania da nossa Nação.
Aqui, abro um parêntese para explicar a presença do cão aos pés do marinheiro. O fiel amigo, de nome “Netuno”, acompanhou a tripulação do “Bahia”, embarcado, em todos os momentos da guerra, o que era permitido à época. E, da mesma forma que os 336 marinheiros mortos no naufrágio do navio, também pereceu no trágico acidente, seguindo os seus amigos, aos quais proporcionou diversos momentos de alegria na dureza daquele cotidiano de combate, nessa última viagem.
Netuno chegou ao “Bahia” ainda filhote e foi amamentado pela tripulação. Cresceu a bordo, o único lar que conheceu foi o velho Cruzador.
Em nome da Marinha do Brasil, agradeço penhoradamente a parceria da Prefeitura do Recife, em especial ao prefeito João Campos, e parabenizo o Comando do Terceiro Distrito Naval e a Capitania dos Portos de Pernambuco pelo esforço empreendido para a materialização desse monumento tão importante.
Viva a Memória dos heróis do Cruzador Bahia! Viva a minha, a sua, a nossa Marinha!
Muito obrigado.
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