A Agência Brasil informou que os eleitores venezuelanos aprovaram, em referendo realizado ontem (3), a incorporação do território de Essequibo, região que pertence oficialmente à Guiana desde 1899.
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, 10,5 milhões de eleitores participaram, dos quais 95,93% aceitaram incorporar oficialmente Essequibo ao mapa do país e conceder cidadania e documento de identidade aos mais de 120 mil guianenses que vivem no território. Apenas 4,07% discordaram.
A região de Essequibo representa cerca de dois terços do atual território da antiga colônia inglesa.
O território de 160 mil km² com uma população de 120 mil pessoas é alvo de disputa pelo menos desde 1899, quando esse espaço foi entregue à Grã-Bretanha, que controlava a Guiana na época.
A Venezuela, no entanto, não reconhece essa decisão e sempre considerou a região “em disputa”.
O ministro de Obras Públicas da Guiana, Deodat Indar – na foto, com a bandeira guianense, em “marcha patriótica” pela região de Essequibo – ressaltou que “nenhuma anexação e declaração do território da Guiana será tolerada pelo governo e pelo povo da Guiana“.
LULA ACERTA “PREVISÃO”
Também ontem, domingo, 3 de dezembro, em resposta a perguntas de jornalistas, o Presidente Lula disse que “provavelmente o referendo vai dar o que Maduro quer“, tendo em vista o “chamamento ao povo“.
Ainda segundo a imprensa estatal, o Brasil aumentou a presença militar na fronteira norte do país em meio ao aumento das tensões entre a Venezuela e a Guiana.
O Ministério da Defesa disse, em nota, que tem acompanhado a situação e que “ações de defesa têm sido intensificadas na região da fronteira ao Norte do país, promovendo maior presença militar”.
“Precisamos ter cuidado. É como se seu vizinho quisesse invadir outra casa usando a sua. O que não podemos permitir é que a Venezuela, querendo entrar na Guiana, use nosso território. Estamos atentos. A Defesa não vai permitir que use território brasileiro para outro país entrar em briga”, disse o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, em entrevista à CNN.
O Pelotão Especial de Fronteira de Pacaraima, em Roraima, que normalmente opera com 70 homens, ganhou o reforço de mais 60 militares.
Alguns dias antes da votação sobre Essequibo, o Ministro da Defesa da Venezuela confirmou – em vídeo abaixo – que após o referendo do dia 3 de dezembro, iria colocar em ação as estratégias e os meios necessários para a invasão da Guiana.