Mais de 500 soldados e cabos foram reunidos em 27 de fevereiro para palestra com o objetivo de evitar o trote, qualificado pela Procuradoria da Justiça Militar da União como “espécie de ritual de iniciação, normalmente com violência e abusos, praticado por militares mais antigos, veteranos, contra os recém-ingressos nas corporações”.
O evento ocorreu na Brigada de Infantaria Paraquedista, local alvo de denúncias de recrutas como sendo palco de duros trotes contra aqueles que acabam de ingressar no Exército ou passam a fazer parta da chamada tropa profissional.
Há poucos anos um soldado que servia no local denunciou um trote, as agressões acabaram fazendo com que perdesse um testículo. Os procedimentos na justiça transcorreram de forma extremamente vagarosa, se estenderam de 2016 a 2022. Somente dois cabos foram condenados, mas a maior parte dos acusados foram beneficiados com prescrições das penas e atenuantes, como menoridade.

“… eu tentei fugir do trote e me levaram para o alojamento deles. Chegando lá tinha cerca de 15 a 18 cabos. Me amarraram, fecharam as janelas e portas, e quando eu caí no chão começaram as agressões. Eu gritei muito, mas não foi motivo para eles pararem. Eu fui agredido na frente de outro soldado e ele desmaiou… Alguns acusados destacam a participação de um cabo … tendo esse efetuado mordida nas nádegas dos ofendidos no final do trote”
A palestra
O procurador de Justiça Militar Jorge Augusto Lima Melgaço ministrou palestra sobre “Prevenção de trotes nas Forças Armadas” para a Brigada de Infantaria Paraquedista (Bgd Inf Pqdt), dia 27 de fevereiro, no ginásio do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista (26° BI Pqdt), na Vila Militar, no Rio de Janeiro.
A atividade, coordenada pelo comandante da Bgd Pqdt, general Emílio Vanderlei Ribeiro, e pelo comandante do 26° BI Pqdt, tenente coronel Douglas dos Santos Leite, reuniu aproximadamente 500 militares, soldados do efetivo profissional e cabos da Brigada. Regularmente, o procurador Jorge Melgaço profere essa palestra nas unidades militares e, no caso da Bgd Inf Pqdt, ela ocorre na véspera da incorporação dos soldados do efetivo variável, que neste ano ocorre no próximo dia 1º de março.
O trote nas Forças Armadas consiste numa espécie de ritual de iniciação, normalmente com violência e abusos, praticado por militares mais antigos, veteranos, contra os recém-ingressos nas corporações.
Dados de Superior Tribunal Militar e 3ª Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária Militar.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar