O depoimento do general Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, à Polícia Federal (PF), coloca em xeque as narrativas de bolsonaristas e petistas sobre o papel das Forças Armadas nos últimos acontecimentos políticos do país. Segundo o jornalista Mario Sabino, em artigo publicado no Metrópoles, ambos os lados devem desculpas aos militares.
Sabino argumenta que, ao contrário do que defendem os bolsonaristas, o general Freire Gomes não teve qualquer participação em um plano golpista. O ex-comandante do Exército, inclusive, ameaçou prender Jair Bolsonaro caso ele insistisse em tal intento. Além disso, o general evitou o desmonte dos acampamentos bolsonaristas em frente aos quartéis para evitar que Bolsonaro se utilizasse disso como pretexto para um golpe.
Do outro lado, os petistas também atacam os militares, como se estivessem revivendo o regime autoritário de 1964. O depoimento de Freire Gomes, no entanto, demonstra que a grande maioria do oficialato não aderiu à proposta de um golpe. Segundo o jornalista Marcelo Godoy, apenas 5 dos 16 generais do Alto Comando do Exército estavam dispostos a embarcar em tal aventura.
Diante dos fatos, Sabino defende que é hora de petistas e bolsonaristas reconhecerem que as Forças Armadas não se envolveram em um golpe de Estado e pedirem desculpas aos militares. O jornalista destaca que, apesar de alguns integrantes terem aderido às ideias de Bolsonaro, a maioria do generalato era contra qualquer aventura golpista de ruptura constitucional em vista de impedir a posse de Lula, evidenciando uma postura democrática e institucional das Forças Armadas.