Os testes nucleares subterrâneos têm se tornado uma prática comum entre as potências nucleares para minimizar o impacto ambiental e os riscos associados às detonações. Especialmente, a Coreia do Norte tem intensificado seus esforços com bombas de hidrogênio, realizando esses testes a profundidades significativas. Essas detonações subterrâneas não apenas ajudam a controlar a liberação de material radioativo, mas também apresentam desafios únicos para a medição e monitoramento.
Com a crescente preocupação global sobre a segurança e os impactos ambientais desses testes, entender como eles são realizados e suas consequências se torna crucial. Este artigo explora os detalhes dos testes nucleares subterrâneos, destacando as práticas da Coreia do Norte e as implicações dessas explosões profundas no cenário internacional.
A era atômica e os primeiros testes
No início da era atômica, a maioria dos testes nucleares era realizada na superfície. O primeiro teste, conhecido como Trinity, ocorreu em 16 de julho de 1945, confirmando o projeto da bomba de plutônio, a famosa Fat Man, que devastou Nagasaki em 9 de agosto de 1945. Desde então, milhares de testes nucleares foram conduzidos, com os Estados Unidos liderando com 1.054 testes, seguidos pela União Soviética com 715, França com 210, e Reino Unido e China com 45 cada. Índia, Paquistão e Coreia do Norte realizaram seis testes cada.
Esses testes visavam garantir a funcionalidade de diferentes tipos e modelos de bombas, além de medir seus efeitos em edifícios e estruturas. Inicialmente, os testes eram realizados na superfície, mas a preocupação crescente com a chuva radioativa levou as potências nucleares a buscar alternativas mais seguras.
A mudança para testes subterrâneos
Sempre que uma bomba nuclear é detonada na atmosfera, uma quantidade enorme de material radioativo é espalhada. Esse material pode ser transportado por milhares de quilômetros, dependendo da força e direção do vento, afetando diretamente seres humanos e o meio ambiente por décadas. Para mitigar esses riscos, as principais potências nucleares começaram a realizar testes debaixo da terra.
O primeiro teste subterrâneo ocorreu nos Estados Unidos em 29 de novembro de 1951. Essa prática se espalhou rapidamente, especialmente na União Soviética. Nos anos 60, a preocupação com a chuva radioativa era tão grande que levou os Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido a assinarem o Tratado de Proibição Parcial de Testes, que proibia testes nucleares na atmosfera, no espaço e nos oceanos. Desde 1963, todos os testes nucleares das grandes potências passaram a ser subterrâneos, reduzindo significativamente o risco de chuva radioativa sobre áreas urbanas e agrícolas.
Mesmo sendo subterrâneos, esses testes ainda impactam a superfície, formando crateras e, dependendo da profundidade, gerando nuvens radioativas e poeiras. Esses testes também permitem avaliar a potência e eficiência das bombas através de análises sismológicas, que correlacionam a magnitude dos sismos com a potência das explosões.
A profundidade dos testes e a situação da Coreia do Norte
Com o passar dos anos, os testes subterrâneos foram realizados a profundidades cada vez maiores, chegando a mais de 500 metros, e às vezes até 700 metros, minimizando a liberação de resíduos radioativos na atmosfera. Essas detonações criam grandes cavidades subterrâneas formadas por rochas derretidas, cujos efeitos se estendem por centenas de metros, variando entre rochas pulverizadas ou fragmentadas pela pressão da detonação.
No caso da Coreia do Norte, que possui um território relativamente pequeno, realizar testes nucleares na superfície resultaria em uma grande proporção do território sendo diretamente afetada pela nuvem radioativa. Por isso, é compreensível que o país opte por testes subterrâneos. Contudo, a força das detonações é facilmente detectada por sismógrafos ao redor do mundo, permitindo medições precisas até mesmo a milhares de quilômetros de distância, como no Havaí.
Os testes norte-coreanos são realizados em cadeias de montanhas rochosas no nordeste do país, uma característica geológica que facilita a propagação das ondas sísmicas, permitindo uma medição mais precisa dos testes. Embora os detalhes exatos desses testes não sejam amplamente divulgados, é provável que os norte-coreanos escavaram túneis verticais com profundidades entre 500 e 800 metros para posicionar as bombas nucleares.