A participação feminina nas Forças Armadas cresce a cada ano e a tendência é que cresça ainda mais, especialmente agora que o governo federal publicou o decreto que autoriza as mulheres a se alistarem no serviço militar, assim como já acontece com os homens.
No entanto, muitas mulheres já estão fazendo história no militarismo brasileiro e abrindo caminho para as que se inspiram na carreira. A Marinha, por exemplo, recebe em seu quadro desde 1980 candidatos do sexo feminino para o Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha (CAFRM).
Mas é na Força Aérea que está um dos casos de maior sucesso. Em 2023, a FAB fez história ao entregar o cargo de Major-Brigadeiro à médica Carla Lyrio Martins, tornando-se a primeira Oficial-General das Forças Armadas de 3 estrelas.
História de Pioneirismo
Carla também foi a primeira mulher a ser promovida ao Generalato na Força Aérea Brasileira (FAB), a primeira a comandar uma Organização Militar na FAB e, ainda, a ser integrante da primeira turma mista – masculina e feminina – do Quadro de Oficiais Médicos da Instituição.
A médica ingressou na Força Aérea em 1990 como especialista em Medicina Aeroespacial, após já ter atuado como diretora da Casa Gerontológica Brigadeiro Eduardo Gomes e ser diretora do Hospital central da Aeronáutica e subdiretora de Saúde Operacional da Diretoria de Saúde da Aeronáutica.
No ano de 2020, Carla alcançou o posto de Brigadeiro e, agora, com a promoção a Major-Brigadeiro, último posto da carreira para o quadro de médicos, ela foi designada Diretora da Escola Superior de Defesa.
“Se eu pudesse dizer algo para as gerações de novas militares, eu diria: persistam, tenham coragem, capacitem-se de forma continuada porque as oportunidades existem. É possível e eu sou o exemplo. E a presença de homens e de mulheres ombreados, trabalhando juntos é o que torna a Força mais resiliente, mais moderna e coerente com a evolução da sociedade”, disse a Oficial-General.
Alistamento feminino
As mulheres poderão se alistar nas Forças Armadas do Brasil, o que inclui o Exército, a Aeronáutica e a Marinha. As três forças já planejam as estruturas para receber o público feminino que deve iniciar o processo de seleção em 2025, com previsão de ingresso somente a partir de 2026.
O processo de alistamento feminino não será obrigatório, mas voluntário, ao contrário do masculino. Ao se alistar, a jovem brasileira permanecerá na força armada pelo prazo mínimo de 12 meses, podendo se estender por até oito anos.
A mulher interessada em servir como voluntária deverá se inscrever na junta militar da sua região entre os meses de janeiro a junho do ano em que a candidata completa 18 anos. As que se alistarem passarão por um processo de seleção que, entre outras coisas, prevê inspeção de saúde, testes físicos e psicológicos.
O decreto prevê ainda que as mulheres que se alistarem poderão desistir do serviço militar até o ato final de incorporação. Após isso, o serviço militar passará a ser obrigatório e seguirá com as mesmas exigências impostas para o sexo masculino.
Caso o candidato não comparece a uma das etapas de seleção será considerada desistente e perderá a oportunidade de ingresso. Ainda, segundo o decreto, as mulheres voluntárias, ao serem desligadas do Serviço Militar, passarão a compor o quadro da reserva não remunerada.