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Desde 2010, EUA fortalecem China, rival estratégico, com mais de 1.000 patentes em biotecnologia e semicondutores com dinheiro público, aponta relatório

por Sérvulo Pimentel Publicado em 06/09/2024
Desde 2010, EUA fortalecem China, rival estratégico, com mais de 1.000 patentes em biotecnologia e semicondutores com dinheiro público, aponta relatório

Desde 2010, segundo a Reuters, os Estados Unidos têm demonstrado crescente preocupação com o uso de recursos públicos americanos para fortalecer a China em áreas estratégicas como biotecnologia e semicondutores. Dados fornecidos pelo US Patent and Trademark Office revelam que o financiamento de agências do governo dos EUA resultou em mais de mil patentes concedidas a inventores baseados na China.

Em outras palavras, os Estados Unidos, inadvertidamente, têm contribuído para o fortalecimento tecnológico da China, que é vista como um rival estratégico. Isso ocorreu porque o financiamento público americano ajudou a criar mais de mil patentes em áreas sensíveis, como biotecnologia e semicondutores, com a participação de inventores chineses.

Esse fato tem alarmado especialmente os parlamentares dos EUA, uma vez que o país estaria, sem querer, apoiando o avanço tecnológico de um adversário geopolítico, potencialmente fortalecendo-o em setores cruciais para a segurança e a economia global.

Patentes financiadas por recursos dos EUA

De acordo com o US Patent and Trademark Office, entre 2010 e o início de 2024, 1.020 patentes foram registradas com o apoio financeiro do governo dos EUA, envolvendo pelo menos um inventor na China. As patentes incluem tecnologias sensíveis, como biotecnologia e semicondutores, setores cruciais para a segurança e o desenvolvimento estratégico tanto dos EUA quanto da China.

Entre as principais agências que financiaram essas patentes estão o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, com 356 patentes, e o Departamento de Defesa, com 92 patentes. Até mesmo a NASA, que legalmente tem restrições para colaborar com entidades chinesas, contribuiu para o financiamento de algumas dessas inovações.

Crescimento das preocupações americanas

O deputado republicano John Moolenaar, que preside o comitê especial da Câmara sobre a China, destacou que é “alarmante” o fato de os contribuintes americanos estarem financiando o avanço tecnológico chinês. Segundo ele, quase 100 patentes financiadas pelo Departamento de Defesa foram registradas na China, o que representa um risco direto à segurança nacional dos EUA.

Acordo de Ciência e Tecnologia em debate

O Acordo de Ciência e Tecnologia entre os EUA e a China, que existe desde 1979 para promover a cooperação científica, está sendo reavaliado. Críticos argumentam que o pacto tem beneficiado desproporcionalmente a China, especialmente no contexto das crescentes tensões entre os dois países e das preocupações sobre o fortalecimento militar e tecnológico de Pequim.

O acordo expirou em agosto de 2023, mas foi prorrogado por seis meses para permitir novas negociações entre os países. A decisão final sobre a renovação do pacto permanece incerta, com fortes pressões para que os EUA ajustem os termos da cooperação científica para proteger melhor seus interesses estratégicos.

Avanço chinês e impacto global

Apesar das patentes concedidas com financiamento dos EUA representarem apenas uma fração do total de patentes chinesas, elas destacam a complexidade das relações entre os dois países. A China já superou os EUA como o maior solicitante de patentes do mundo, refletindo o crescente poder tecnológico e econômico do país. Agora, o debate nos EUA gira em torno de como proteger suas inovações enquanto ainda promovem a colaboração internacional.

Sérvulo Pimentel

Sérvulo Pimentel

Apaixonado pela língua portuguesa e pelo universo militar, Sérvulo é professor há dez anos e atua como redator há cinco, sendo um especialista na produção de notícias sobre Defesa Nacional e sociedade militar. Na Revista Sociedade Militar, dedica-se a levar informações confiáveis e bem apuradas ao público, sempre prezando pela responsabilidade jornalística e imparcialidade. Seu compromisso é contribuir para um debate informado e acessível sobre temas estratégicos e sociais, aproximando os leitores das principais questões que envolvem as Forças Armadas e a sociedade.