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No Fórum China-África que se inicia nesta quarta-feira, Xi Jinping busca cooptar o Sul Global para o seu movimento anti-EUA

por Sérvulo Pimentel Publicado em 05/09/2024
No Fórum China-África que se inicia nesta quarta-feira, Xi Jinping busca cooptar o Sul Global para o seu movimento anti-EUA

A China está intensificando seus esforços para construir uma aliança de países em desenvolvimento, com o objetivo de contrapor a influência dos Estados Unidos e moldar uma nova ordem mundial. A nova estratégia da China, descrita no site Atlantic Council pelo colunista Michael Schuman, representa uma mudança fundamental na geopolítica global.

No Fórum sobre Cooperação China-África, que começa hoje, 4 de setembro, o líder chinês  Xi Jinping apresentará mais uma vez os seus esforços para expandir sua influência no Sul Global (as nações em desenvolvimento) e desafiar a ordem internacional estabelecida.

Para os Estados Unidos e outros países, segundo Schuman, essa realidade exigiria novas estratégias e uma abordagem mais inclusiva para garantir uma ordem mundial que reflita os interesses e valores globais e liberais compartilhados.

A nova rota da seda e a expansão da influência chinesa

A iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota” (BRI, na sigla em inglês), também conhecida no Brasil como Nova Rota da Seda, tem sido um instrumento fundamental nessa estratégia. Ao investir em infraestrutura em diversos países, a China busca aumentar sua influência econômica e política no Sul Global.

Essa iniciativa, aliada a investimentos em diversos setores, como energia e mineração, tem aproximado a China de países em desenvolvimento, oferecendo financiamento e tecnologia em troca de acesso a recursos e mercados.

A disputa com os Estados Unidos e a busca por aliados

A crescente rivalidade entre a China e os Estados Unidos tem intensificado essa busca por aliados. A China vê os países em desenvolvimento como uma oportunidade para desafiar a hegemonia americana e construir uma nova ordem mundial em que a China seria a principal potência e os valores liberais seriam substituídos por outros, mais alinhados com sua visão política.

Os principais objetivos dessa nova estratégia são:

  • Minar a influência dos Estados Unidos: A China busca enfraquecer a ordem internacional liderada pelos Estados Unidos e criar uma alternativa baseada em seus próprios interesses.
  • Construir uma coalizão de aliados: A China está investindo em relações com países em desenvolvimento para formar um bloco de aliados que a apoie em sua disputa com os Estados Unidos.
  • Promover seus próprios valores: A China busca expandir sua influência ideológica e promover seus próprios valores políticos e econômicos.

Os desafios da nova estratégia chinesa

Apesar dos avanços, a estratégia chinesa enfrenta desafios. A pressão para que países em desenvolvimento escolham entre a China e os Estados Unidos pode gerar instabilidade e conflitos. Além disso, a crescente dívida de alguns países com a China e as preocupações com a transparência dos projetos da BRI podem minar a confiança em relação à iniciativa chinesa.

O impacto para os países em desenvolvimento

Para os países em desenvolvimento, a nova estratégia chinesa representa tanto oportunidades quanto desafios. Por um lado, os investimentos chineses podem impulsionar o crescimento econômico e o desenvolvimento de infraestrutura. Por outro lado, a dependência excessiva da China pode comprometer a soberania e gerar novas dívidas.

O que os Estados Unidos podem fazer?

Diante da crescente influência chinesa, os Estados Unidos precisam desenvolver uma nova estratégia para lidar com a China e os países em desenvolvimento. Algumas opções incluem:

  • Fortalecer as alianças existentes: Os Estados Unidos devem fortalecer suas alianças com países democráticos e promover a cooperação em áreas como segurança, comércio e tecnologia.
  • Investir em diplomacia: Os Estados Unidos precisam investir mais em diplomacia para promover seus valores e interesses no mundo em desenvolvimento.
  • Oferecer alternativas à iniciativa chinesa: Os Estados Unidos precisam oferecer alternativas atraentes aos países em desenvolvimento, como programas de desenvolvimento e investimento.

A nova estratégia chinesa no Sul Global está reconfigurando a geopolítica global e gerando novas dinâmicas nas relações internacionais. A busca por aliados e a construção de uma nova ordem mundial representam um desafio para os Estados Unidos e para a ordem internacional existente.

Sérvulo Pimentel

Sérvulo Pimentel

Apaixonado pela língua portuguesa e pelo universo militar, Sérvulo é professor há dez anos e atua como redator há cinco, sendo um especialista na produção de notícias sobre Defesa Nacional e sociedade militar. Na Revista Sociedade Militar, dedica-se a levar informações confiáveis e bem apuradas ao público, sempre prezando pela responsabilidade jornalística e imparcialidade. Seu compromisso é contribuir para um debate informado e acessível sobre temas estratégicos e sociais, aproximando os leitores das principais questões que envolvem as Forças Armadas e a sociedade.