No dia 10 de dezembro de 2023, o Congresso peruano aprovou um orçamento ambicioso para 2025, visando aumentar a capacidade operacional de sua Força Aérea Peruana (FAP) e aprimorar a tecnologia da defesa aérea do país. O projeto, que contempla a aquisição de 24 caças, marca uma mudança significativa desde a compra dos Mirage 2000 na década de 1980.
Os US$2 bilhões iniciais, financiados por meio de dívida de longo prazo via Banco de La Nación, representam a primeira fase de um investimento total estimado em US$3,5 bilhões. Este orçamento abrange os caças e uma variedade de armamentos, peças de reposição e serviços de suporte. Entre os candidatos, destacam-se o Rafale da Dassault Aviation, o F-16 Block 70 da Lockheed Martin, o Gripen E/F da Saab e o KF-21 da KAI.
Opções para modernização da Força Aérea
Como parte da substituição de sua antiga frota de Mirage 2000, o Peru avalia três opções principais para modernizar sua Força Aérea (FAP). Cada uma dessas opções oferece vantagens específicas, adaptadas às necessidades estratégicas do país.
A Dassault Aviation apresenta o Rafale, um caça multifuncional de ponta, capaz de realizar diversas missões, incluindo defesa aérea, ataques terrestres e reconhecimento. Dado o conhecimento prévio do Peru sobre os padrões da Dassault, a transição para essa plataforma avançada poderia ser mais suave.
O Rafale vem equipado com um radar AESA de última geração, mísseis modernos como o Meteor e capacidades de stealth otimizadas. Apesar de ser a opção mais cara, ele proporciona interoperabilidade total com as forças ocidentais e um robusto programa de suporte técnico.
A Lockheed Martin propõe o F-16 Block 70, uma versão modernizada do jato de caça mais utilizado no mundo. Este modelo é conhecido por sua confiabilidade e custo de aquisição competitivo, oferecendo uma solução equilibrada.
Equipado com um radar AESA e um cockpit atualizado, o F-16 combina desempenho comprovado com compatibilidade com doutrinas de combate ocidentais. A vasta frota global de F-16s garante fácil acesso a peças de reposição e conhecimento técnico, tornando-o uma opção atraente para o Peru.
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O Gripen e o KF-21
A Saab oferece o Gripen E/F, um caça leve com custos operacionais baixos, ideal para países com orçamentos limitados. Destaca-se pela capacidade de operar em ambientes austeros, manutenção simplificada e programas de transferência de tecnologia, propondo integrar o Peru em seu processo de produção para aprimorar as capacidades industriais locais. Equipado com radar AESA e sistemas modernos de guerra eletrônica, o Gripen apresenta um equilíbrio atraente entre custo e desempenho.
Historicamente, o Peru tem uma longa trajetória na aquisição de aeronaves de combate da defesa aérea, sendo a última grande compra na década de 1980, quando se tornou o primeiro cliente de exportação do Mirage 2000. Essa aquisição visava modernizar a Força Aérea Peruana (FAP) em meio a tensões regionais, consolidando a reputação da Dassault como fornecedor-chave. O país adquiriu 12 Mirage 2000s, que continuam sendo centrais para a FAP, mas sua obsolescência crescente exige modernização ou substituição.
O Peru busca substituir suas antigas aeronaves soviéticas por modelos mais modernos, incluindo o KF-21 Boramae, um caça de última geração desenvolvido pela Korea Aerospace Industries (KAI). Essa escolha é impulsionada pelo desempenho avançado do KF-21 e pelas oportunidades de transferência de tecnologia oferecidas pela Coreia do Sul, que visa fortalecer a produção local e as capacidades industriais do Peru. O país também está considerando o KF-1 Halcón, um caça leve que pode complementar ou substituir os MiG-29s em serviço, oferecendo uma solução mais econômica.
A Seman Perú SAC, uma empresa local, está se preparando para produzir peças para o KF-1, demonstrando o comprometimento da Coreia do Sul em integrar a indústria peruana em seus projetos de defesa. A longo prazo, o KF-1 pode desempenhar um papel fundamental na modernização da frota do Peru, coexistindo com aeronaves de combate de linha de frente, como o KF-21 Boramae.
Desafios e Avanços Estratégicos
Historicamente, a Força Aérea Peruana (FAP) operou aeronaves como 21 MiG-29s e 18 Sukhoi Su-25s, adquiridas na década de 1990. Embora tenham sido eficazes, atualmente enfrentam desafios crescentes em manutenção e disponibilidade de peças.
A substituição por jatos sul-coreanos representa um avanço estratégico, permitindo ao Peru reduzir a dependência de equipamentos militares russos e fortalecer sua defesa nacional contra ameaças contemporâneas.
A cooperação militar entre o Peru e a Coreia do Sul não é nova. Em 2010, a Coreia do Sul doou oito aeronaves de ataque leve Cessna A-37B Dragonfly à FAP, estabelecendo laços que podem facilitar futuras aquisições, como o KF-21 e o KF-1 Halcón.
Esses projetos fazem parte de uma estratégia mais ampla para modernizar as forças de defesa do Peru, promovendo parcerias tecnológicas internacionais e desenvolvimento local.
Nos últimos anos, o Peru intensificou seus esforços para modernizar suas capacidades terrestres e navais. Em novembro de 2024, o Exército assinou um acordo com a Hyundai Rotem para adquirir tanques K2 Black Panther e veículos blindados K808, substituindo tanques T-55 antigos.
O custo exato do acordo não tenha sido divulgado, ele inclui transferência de tecnologia e a possibilidade de produção local, melhorando a mobilidade, proteção e poder de fogo das forças terrestres.
A Marinha peruana também avançou com iniciativas para fortalecer suas capacidades, como um acordo com a Hyundai Heavy Industries para projetar e construir um novo submarino. Este projeto visa aprimorar a dissuasão marítima e proteger as águas territoriais do país.
Para 2025, o orçamento do Ministério da Defesa foi definido em aproximadamente US$ 2,371 bilhões, refletindo um aumento de 2,8% e a prioridade nacional dada a esses projetos de modernização da defesa aérea.