Em um discurso que ecoa os alertas de um novo conflito mundial, o comandante da 412ª Ala de Testes da Força Aérea dos EUA, Brigadeiro-General Doug Wickert, pintou um quadro alarmante da crescente ameaça chinesa.
A modernização das forças armadas chinesas e a persistente ameaça de espionagem cibernética promovida pelo Partido Comunista Chinês (PCC) estão colocando os Estados Unidos e seus aliados em situação de risco alarmante, conforme alertado durante um briefing realizado na Base Aérea de Edwards, na Califórnia.
“Agora, há pelo menos uma dúzia de empresas de telecomunicações que reconheceram estar infectadas”, afirmou Wickert, destacando os impactos da espionagem do PCC, que teria permitido a vigilância sobre altos funcionários do governo americano. “O PCC agora sabe com quem meu telefone do governo falou nos últimos quatro anos, e eles ainda estão lá, e não conseguimos tirá-los”, acrescentou. “Isso é incerteza. Isso é risco. E isso cria um mundo muito, muito perigoso agora.”
Superioridade numérica do PLA até 2027
O Brigadeiro-General também destacou o ritmo acelerado da modernização do Exército de Libertação Popular (PLA) da China, classificando-o como “superando em muito” os esforços americanos. Segundo Wickert, o PLA deve superar os EUA em ativos militares modernos estacionados a oeste da linha de data internacional com uma importante vantagem até 2027: 12 para 1 em aeronaves de combate modernas, 3 para 1 em aeronaves de patrulha marítima e 6 para 1 em submarinos modernos.

Esses avanços foram acompanhados por exercícios militares em larga escala, como o realizado em dezembro de 2024, quando o PLA mobilizou mais navios perto de Taiwan do que qualquer exercício aliado desde a Segunda Guerra Mundial. Durante a operação, foram simulados ataques a navios e um bloqueio naval, indicando a preparação para um possível conflito.
Infraestrutura e preparação militar
Outra preocupação levantada foi a construção de instalações simuladas no Deserto de Gobi, incluindo réplicas de locais estratégicos como o Aeroporto Internacional de Taichung, em Taiwan, e um porta-aviões da classe Gerald R. Ford da Marinha dos EUA. Tais estruturas sinalizam um planejamento detalhado do PLA para confrontos futuros.
A Base Aérea de Edwards foi destacada como uma peça-chave no enfrentamento dessas ameaças. Wickert citou o papel da base no desenvolvimento de tecnologias avançadas, como o bombardeiro stealth B-21 Raider, que deverá ser a pedra angular da frota de bombardeiros americanos. Com um pedido inicial de 100 aeronaves, o B-21 representa um reforço crucial na dissuasão de agressões na região do Indo-Pacífico.
Apelo à vigilância e à preparação
“Esta é uma das muitas, muitas coisas em que vocês estão trabalhando aqui que mudarão o cálculo do Presidente Xi sobre nossa prontidão”, enfatizou Wickert, durante o evento Back-in-the-Saddle Day. Em novembro de 2024, ele já havia feito um apelo semelhante, afirmando que os avanços da Base Aérea de Edwards estavam ajudando a “acelerar testes” e “entregar capacidade integrada ao combatente”.
As declarações de Wickert reforçam a necessidade de ações coordenadas para conter a crescente influência e capacidade militar chinesa. As informações foram relatadas pelo colunista Fernando Valduga, do site Cavok.