O canal Segurança e Defesa TV, em parceria com a Revista Sociedade Militar, realizou uma entrevista exclusiva o ex-cabo Vitório, da Polícia Militar do Distrito Federal. Vitório ganhou notoriedade por seu protesto em defesa da saúde mental dos policiais militares, principalmente após um aumento alarmante nos casos de suicídio entre a categoria. No ano passado, foram registrados 10 suicídios, algo sem precedentes na corporação. Vitório destacou a importância do acompanhamento psicológico e psiquiátrico, além da necessidade de mais efetivo para reduzir a carga de trabalho dos policiais, que atualmente vivem em constante estado de ansiedade.
Vitório explicou que, em 2009, a previsão era ter 18.000 policiais no Distrito Federal, mas em 2025, o número nem chega a 9.500. A falta de efetivo sobrecarrega os policiais, que precisam estar sempre disponíveis para escalas extras, mesmo em suas folgas. Ele ressaltou a importância do tempo de descanso para a saúde mental e criticou a prática de manter os policiais sempre conectados ao trabalho.
Durante a pandemia, Vitório liderou esforços para a preservação de vidas, incluindo a testagem de policiais e bombeiros, que não estava sendo realizada conforme as normas. Sua atuação em defesa da saúde dos policiais resultou em sua expulsão da corporação, que ele considera um elogio, pois acredita ter sido expulso por razões políticas e não por má conduta.
Tratamento diferenciado entre Oficiais e Praças
Vitório também denunciou a diferença de tratamento entre oficiais e praças na Polícia Militar do Distrito Federal. Ele relatou que os oficiais médicos frequentemente desrespeitavam os atestados de outros médicos especialistas (psiquiátricos), reduzindo ou até anulando os atestados, o que considera uma humilhação. Essas práticas, segundo ele, contribuem para o agravamento dos problemas de saúde mental dos policiais.
O protesto de Vitório, em que se acorrentou e amordaçou em frente ao Comando Geral da Polícia Militar do DF, visava chamar a atenção para a situação dos policiais. Ele acredita que a ação surtiu efeito, pois já foram tomadas medidas para incluir os policiais no plano de saúde do GDF, algo que vinha sendo solicitado desde 2022.
Vitório enfatizou que seu trabalho na Federação Estadual de Praças continua firme em defesa dos direitos e da dignidade dos policiais militares. Ele acredita na necessidade de desmilitarizar as forças estaduais de segurança, argumentando que não há espaço para normas de exceção permanentes em uma constituição cidadã.
Ele reafirmou seu compromisso com a defesa dos praças, incentivando denúncias para que sejam apuradas e cobradas as devidas responsabilidades. Vitório destacou que os militares não estão sozinhos e podem contar com a Federação para representá-los e lutar por seus direitos.