Após mais de 20 anos desde o último voo do Concorde, os voos comerciais supersônicos estão prestes a retornar. Prometendo reduzir pela metade o tempo de viagens transcontinentais, esse avanço é liderado por grandes organizações, incluindo a NASA e empresas privadas como Boom Supersonic e Dawn Aerospace. A novidade reacende o entusiasmo pela aviação de alta velocidade, mas traz também velhos desafios que precisam ser enfrentados.
Os voos supersônicos são definidos por velocidades acima de Mach 1, ou seja, cerca de 1224 km/h. Entretanto, essa alta performance vem acompanhada de um fenômeno controverso: o estrondo sônico. Esse efeito ocorre quando a aeronave ultrapassa a barreira do som, gerando ondas de choque que resultam em um barulho ensurdecedor. No passado, o estrondo causou problemas como perturbação em áreas urbanas, sustos na população e até danos materiais.
Esses problemas foram cruciais para as severas restrições que limitaram o Concorde a voos sobre o oceano. Agora, a nova geração de aeronaves supersônicas está focada em minimizar ou eliminar os impactos do estrondo sônico, com o objetivo de ganhar permissão para voar sobre territórios terrestres densamente habitados.
Tecnologia da NASA promete voos silenciosos e testes sobre grandes cidades dos EUA
A NASA lidera essa revolução com o projeto Quiet Supersonic Technology (Quesst), que tem como estrela o X-59. Desenvolvido em parceria com a Lockheed Martin, o avião foi projetado para transformar o estrondo sônico em um leve “baque” quase imperceptível. Esse feito seria fundamental para reverter as restrições atuais sobre voos supersônicos.
Os primeiros testes do X-59 estão programados para 2025, quando o avião sobrevoará grandes cidades americanas. Durante esses voos, a NASA coletará o feedback do público para auxiliar na formulação de legislações futuras. A meta é viabilizar uma regulamentação que permita viagens supersônicas sustentáveis e silenciosas sobre áreas urbanas.
Enquanto a NASA avança com seus experimentos, empresas privadas também estão investindo em soluções inovadoras. A Boom Supersonic, por exemplo, já está testando seu protótipo XB-1, que deve romper a barreira do som em breve. Além disso, a empresa está desenvolvendo a aeronave comercial Overture, projetada para atingir velocidades de Mach 1.7 e começar a operar com passageiros até 2029.
Empresas privadas buscam velocidade e eficiência, mas desafios ambientais persistem
Outro grande nome da indústria, a Dawn Aerospace, está desenvolvendo o Aurora, um modelo capaz de atingir velocidades de Mach 3.5 e operar em altitudes próximas ao espaço. Apesar dos avanços, a viabilidade econômica e ambiental desses projetos ainda gera preocupações. A alta velocidade exige um consumo significativo de combustível, resultando em emissões de carbono elevadas.
Em um momento em que a aviação enfrenta pressão para reduzir seu impacto ambiental, o retorno dos voos supersônicos deve equilibrar velocidade com sustentabilidade. As rotas sobre áreas terrestres permanecem limitadas por regulamentos de ruído, restringindo a maioria das operações a voos sobre o mar.
Outro obstáculo é o custo. No auge de sua operação, o Concorde era conhecido por tarifas exorbitantes. Com tecnologia avançada e a necessidade de combustíveis específicos, é provável que as novas aeronaves sigam o mesmo padrão, tornando o acesso limitado a passageiros de alto poder aquisitivo.
Voos supersônicos podem redefinir o futuro da aviação
Apesar dos desafios, o retorno dos voos supersônicos representa um marco na história da aviação. A combinação de tecnologia, inovação e regulamentação pode permitir que essa forma de transporte ressurja em um formato mais sustentável e eficiente. Enquanto isso, a indústria segue apostando alto para conquistar os céus.
Os próximos anos serão decisivos para determinar o futuro dessa tecnologia. Com testes planejados, protótipos avançados e discussões sobre regulamentação, 2025 pode marcar o início de uma nova era para viagens aéreas, trazendo de volta o sonho da velocidade supersônica para a aviação comercial.
Com informações de: bgr