EUA condecora general brasileiro antes de missão no Congo – Reconhecimento ou diplomacia estratégica?
O Exército dos EUA resolveu dar um tapinha nas costas do General de Divisão Ulisses de Mesquita Gomes. O General foi recentemente designado para comandar a missão da ONU no Congo. Nesta semana, ele recebeu a condecoração “Legião do Mérito” (Grau Oficial), um reconhecimento por seu desempenho como Adido Militar do Brasil nos EUA entre 2021 e 2023.
A cerimônia ocorreu no Comando Logístico (COLOG) e foi conduzida pelo Coronel Chike Williams, Adido de Defesa dos EUA no Brasil. Também esteve presente o General de Exército Flavio Marcus Lancia Barbosa, Comandante Logístico. O evento serviu para reafirmar a já conhecida proximidade entre os exércitos dos dois países.
Mais um brasileiro no comando da MONUSCO
No final de janeiro, o Conselho de Segurança da ONU confirmou o General Ulisses como Force Commander da MONUSCO. Trata-se da missão da ONU para a estabilização na República Democrática do Congo. O General se torna o sexto brasileiro a assumir o posto, o que, de um lado, demonstra a confiança internacional no Exército Brasileiro, mas, de outro, levanta questões sobre o real impacto dessas operações na estabilização da região.
A República Democrática do Congo é um barril de pólvora, com milícias ativas, disputas políticas e uma crise humanitária sobretudo constante. O desafio do general será, entre outras coisas, lidar com o grupo rebelde M-23, que segue desafiando as forças da ONU e o governo congolês. Não será a primeira vez que o general encara um cenário de instabilidade – entre 2008 e 2009, ele esteve na missão da ONU no Haiti (Minustah), além de ter ocupado cargos estratégicos no Exército e na ONU.
Condecoração: mérito ou diplomacia?
O Exército dos EUA não costuma conceder condecorações à toa. Esse tipo de gesto faz parte de um jogo maior de relações diplomáticas e influência militar. A parceria Brasil-EUA em questões de defesa é forte, mas sempre tem um pano de fundo geopolítico. Afinal, manter aliados próximos – especialmente na América Latina – continua sendo um dos pilares da política externa americana.
Por outro lado, o Brasil reforça sua posição como um player relevante nas operações de paz da ONU, uma área em que o país tem investido há anos. Resta saber se o novo comandante conseguirá obter resultados concretos no Congo ou se a missão seguirá sendo mais um daqueles esforços internacionais que, no fim das contas, mudam pouco a realidade da população local.