Os drones FPV (first person view), conhecidos como kamikaze, estão matando mais do que metralhadoras, morteiros, tanques e obuses na guerra da Ucrânia provocada pela Rússia.
A informação é da jornalista Patrícia Campos Mello, que acompanhou a ação de soldados-pilotos de drone FPV kamikaze diretamente de um esconderijo na região de Toretsk, em Donetsk, na Ucrânia. A reportagem de Patrícia foi publicada no dia 27 de março na Folha de São Paulo.
Os FPV, que operam como se fossem os snipers, são muito mais precisos e letais do que atiradores humanos e seriam responsáveis por cerca de 70% das mortes nos campos de batalha, segundo comandantes ouvidos pela reportagem da Folha.
A Ucrânia ainda tem como vantagem o fato de 95% dos 1,5 milhão de drones comprados pelas Forças Armadas ucranianas terem sido fabricados no próprio país.
Jornalista assistiu à morte de soldado russo ao vivo

Jornalista viu morte ao vivo de soldado russo causada por drone FPV kamikazes
Enquanto estava no esconderijo, Patrícia Campos Mello acompanhou a morte de um soldado russo. O inimigo estava em uma moto andando por uma estrada de terra quando começou a ser perseguido pelo drone FPV.
A aeronave remotamente pilotada estava sendo acompanhada por 3 telas e movimentada por meio de um joystick (controle).
Segundo o soldado-piloto do drone, provavelmente o russo estava indo entregar munição em alguma posição inimiga, mas era “suicida” estar exposto assim.
Confira o vídeo do esconderijo dos soldados-pilotos de drones FPV kamikazes da Ucrânia
De acordo com o relato da jornalista, o drone se aproxima da moto até chegar bem perto. De repente, a imagem some e chuviscos tomam a tela. O drone tinha explodido e as imagens eram geradas em outra tela a partir da câmera de um drone de vigilância Mavic.
O soldado russo não tinha morrido e sai cambaleando. Mas dois soldados da unidade decolam outro FPV para concluir a missão ucraniana.
Ao tropeçar, cair no chão, e parecer com a testa e barba ensanguentados, o soldado russo encara fixamente a câmera do drone até que a tela se enche de chuviscos. Mais uma vez o Mavic mostrou a explosão e o inimigo estava morto.
“Estou vendo que você está fazendo um julgamento moral. Mas o russo não se rendeu. É a guerra. A guerra é assim”, disse o ucraniano à Patrícia.
O soldado também revelou que, desde 24 de julho de 2024, já matou 25 russos. Ele próprio foi alvo de um sniper russo antes da era dos FPVs em 2015, mas sobreviveu com uma cicatriz.
Rússia também usa drones FPV kamikazes
Segundo a Folha de São Paulo, a Rússia também aderiu de forma maciça aos drones FPV, que custam cerca de R$ 2,2 mil reais a unidade. No entanto, contra cidades maiores o império de Putin utiliza os drones iranianos Shahed, que carregam ogivas de até 50 kg e podem viajar até 1.000 km. Cada um custa R$ 285 mil reais.