O general Paulo Sérgio Nogueira protagonizou mais uma reviravolta no caso de tentativa de golpe de Estado. Como publicado na Revista Sociedade Militar, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, vai tentar emplacar em sua defesa a tese conhecida como “defesa de Nuremberg”. O oficial vai alegar que, como soldado obediente, estava “apenas” cumprindo ordens superiores. Com isso, seus advogados pretendem cavar uma pena mitigada para o oficial superior do Exército brasileiro. Já o ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, general Paulo Sérgio Nogueira, usou uma tática mais incisiva.
Em declaração de Paulo Sérgio, que consta na manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia da trama golpista durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o general optou por jogar os colegas na fogueira do 8 de janeiro.
Ele negou nesta quinta-feira (6) ter atuado para efetivar um golpe de Estado no Brasil em 2022.
General Paulo Sérgio é acusado por críticas ao sistema eleitoral
Paulo Sérgio Nogueira, que, assim como Mauro Cid e Jair Bolsonaro, é oficial do Exército, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito que apurou a tentativa de golpe de Estado para impedir o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além do militar, o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 32 acusados também fazem parte da denúncia.
O general foi acusado de endossar críticas ao sistema eleitoral, instigar a tentativa de golpe e de apresentar uma versão do decreto golpista para pedir apoio aos comandantes das Forças Armadas.
A estratégia de defesa do general Paulo Sérgio
De acordo com os advogados, Paulo Sérgio Nogueira não integrou uma organização criminosa e não atuou para “dar golpe de Estado ou abolir violentamente o Estado democrático de Direito”.
“Afirmar que o general Paulo Sérgio integrava organização criminosa e atuou para dar um golpe de Estado e abolir violentamente o Estado Democrático de Direito é um absurdo e está manifestamente contra a prova dos autos”, diz a defesa.
Segundo noticiado pela Agência Brasil, o prazo para entrega da defesa da maioria dos denunciados terminou ontem, quinta-feira, 6 de março, exceto no caso do general Braga Netto e do almirante Almir Garnier, que têm até hoje, sexta (7), para se manifestarem sobre a denúncia.
Julgamento no STF: próximos passos
Após a entrega de todas as defesas, o julgamento da denúncia vai ser marcado pelo STF.
O processo será julgado pela Primeira Turma do Supremo. O colegiado é composto pelo relator da denúncia, Alexandre de Moraes, e pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
Pelo regimento interno da Corte, cabe às duas turmas do tribunal julgar ações penais. Como o relator faz parte da Primeira Turma, a acusação será julgada pelo colegiado.
Se a maioria dos ministros aceitar a denúncia, Bolsonaro e os outros acusados viram réus e passam a responder a uma ação penal no STF.
A data do julgamento ainda não foi definida. Considerando os trâmites legais, o caso pode ser julgado ainda neste primeiro semestre de 2025.