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Almirante revela que EUA livrou militares brasileiros da morte em Angola com apenas um CD-ROM: ‘Sem isso, estaríamos cegos’

Missões suicidas, improviso médico e um cabo desacreditado que virou herói.

por Sérvulo Pimentel
01/04/2025
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Em um dos depoimentos mais surpreendentes do Videocast Projeto SER-FN, o Contra-Almirante (FN) Roberto Lemos, Coordenador-Geral de Relações Institucionais do Corpo de Fuzileiros Navais, revela como os Estados Unidos salvaram a vida de militares brasileiros em Angola com um gesto simples, mas decisivo: um CD-ROM com dados de 600 minas terrestres. “Sem isso, estaríamos cegos”, admitiu.

A entrevista, disponível no canal oficial da Marinha, traz histórias impressionantes da Missão de Paz da ONU em Angola (UNAVEM III), nos anos 90, quando o país africano estava devastado por uma guerra civil que deixou 10 milhões de minas espalhadas. Lemos, então um jovem oficial, liderou um pelotão de desminagem em condições extremas – e suas revelações mostram o lado brutal e heroico das missões militares.

“Se der certo, salvamos. Se não, paciência”: O desespero em Angola

Lemos descreve um hospital colapsado em Angola, onde médicos improvisavam até transfusões de sangue sem saber o tipo sanguíneo do paciente:

“Perguntei como faziam transfusão sem identificar o sangue. Me disseram: ‘Se der certo, salvamos. Se não, paciência.'”

A guerra, segundo Lemos, deixou o país em estado de selvageria: civis caminhavam apenas pelo asfalto, evitando campos minados, e marcavam árvores com nós para avisar onde havia explosivos. “Era sobrevivência pura”, disse.

No podcast da Marinha (Videocast Projeto SER-FN), o Almirante Lemos conta como um simples disco dos EUA ajudou militares brasileiros a sobreviver em um campo minado. (Reprodução/Youtube)

A diferença entre desminagem militar e humanitária: “Na guerra, mortes são aceitáveis”

Uma das declarações mais impactantes de Lemos foi sobre a diferença entre desminagem militar e humanitária:

“Na desminagem militar, perdas humanas são aceitáveis porque é guerra. Na humanitária, nenhuma morte é tolerada – tem que garantir 100% de segurança para o civil voltar a plantar, a viver.”

Ele explicou que, em combate, basta abrir um caminho para a tropa passar, mesmo com riscos. Já na missão humanitária, a exigência era limpar cada centímetro do terreno, pois civis voltariam a usar a área.

O CD-ROM dos EUA que salvou os brasileiros

O momento mais revelador da entrevista foi quando Lemos contou como os EUA forneceram um CD-ROM com dados de 600 minas terrestres:

“Fomos ao setor diplomático americano em Luanda, e eles nos deram um CD com informações técnicas de todas as minas conhecidas em Angola. Baixamos num laptop com leitor de CD-ROM e, no campo, identificávamos cada mina antes de neutralizá-la.”

Sem essa ajuda, os brasileiros estariam desarmados tecnologicamente em um campo minado.

“Quase morri dormindo no volante”: O Cabo Zé Maria que ninguém queria

Lemos também revelou um episódio curioso – e arrepiante – sobre a importância de confiar na hierarquia militar:

“O Comandante Marcelo incluiu o Cabo Zé Maria no pelotão, mesmo sendo um ‘cara da oficina’. Eu estranhei, mas ele salvou a gente quando eu quase capotei a viatura dormindo no volante.”

O cabo, experiente em operação de tratores, percebeu que Lemos cochilava ao volante e evitou um acidente fatal.

“Íamos pra guerra como no ‘Resgate do Soldado Ryan'”

O Almirante ainda fez uma comparação dura com o filme de Spielberg:

“Naquela época, não tinha colete à prova de bala. A gente ia pra guerra igual ao ‘Resgate do Soldado Ryan’ – tomando tiro na cara e rezando.”

Só em 1986-87 os Fuzileiros Navais começaram a receber coletes balísticos. Até então, soldados brasileiros entravam em combate sem proteção alguma.

“Faz o certo porque é certo, não pra ganhar estrelinha”

Em um recado que soa como crítica indireta à polarização política, Lemos encerrou com uma lição de moral:

“Fazemos o certo porque é o certo a fazer, independente do resultado. Não é pra aparecer, é por dever.”

A frase otimista pretende resumir o espírito das Forças Armadas em meio à atual crise de popularidade.

Legado de Angola: Brasil virou referência em desminagem

A experiência em Angola transformou o Batalhão de Engenharia da Marinha em referência global. Hoje, o Brasil treina equipes de desminagem em Colômbia, Peru e Equador, e até supervisiona missões da ONU.

Mas tudo começou com um CD-ROM dos EUA, um cabo rejeitado e soldados que enfrentaram a morte sem colete.

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