O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) está, nesta sexta-feira, 11 de abril, há mais de 60 horas em greve de fome. O protesto, segundo ele, é protesto pela decisão do Conselho de Ética da Câmara de aprovar o relatório que recomenda a cassação de seu mandato parlamentar. Após ter sido xingado nos corredores da Câmara por um militante do Movimento Brasil Livre, Glauber o expulsou aos empurrões e pontapés.
De acordo com um comunicado divulgado nesta sexta, para cuidar de sua saúde, Glauber fez exames de sangue e já consumiu meio litro de soro. Desde o início da greve, já perdeu quase dois quilos.
“Não vou voltar atrás em nenhuma das minhas decisões. Meu ato de estar aqui, em greve de fome, é minha resposta. Sei que há muitas pessoas preocupadas com minha saúde, mas quero dizer que estou bem”, afirmou o deputado.
De quarta para quinta-feira, no primeiro dia de protesto, Glauber dormiu no chão da sala onde a reunião do colegiado ocorreu. Ele é monitorado por uma equipe médica, que recomendou a ingestão de isotônico e água para evitar uma desidratação total. Familiares e aliados têm se revezado para acompanhá-lo.
O perfil político de Glauber Braga: lutas e conflitos
Glauber Braga é Bacharel em Direito e nasceu em 1982, na cidade de Nova Friburgo – RJ. Exerce o mandato de deputado federal pelo PSOL. Foi líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados no ano de 2017.
Nas eleições de 2016 foi candidato ao executivo friburguense pela coligação Construção Coletiva, formada pelo PSOL, PCdoB, PPL e PCB, tendo o vereador Cláudio Damião, também do PSOL como companheiro de chapa. Recebeu pouco mais de 24 mil votos, o que representava 23,79% dos votos.
Em seu site está escrito que “tem estado na linha de frente na luta contra a retirada de direitos dos trabalhadores, contra a “reforma” da previdência e contra o desmonte do Brasil.” O perfil clássico de um político de esquerda.
Glauber Braga encontra os militares da base
Porém, em 2019, início do governo Bolsonaro, o mais militarizado da história do Brasil, Glauber cruzou seu caminho com os militares das Forças Armadas, Exército, Marinha e Aeronáutica.
Naquele ano, tramitava na Câmara, o projeto de lei nº 1.645, que seria convertido no final do ano na Lei nº 13.954. Essa legislação embasou a reestruturação da carreira militar.
Contudo, houve muita insatisfação por parte dos praças das Forças Armadas, subtenentes e sargentos, que alegavam discriminação e prejuízos decorrentes da nova legislação.
Glauber foi voto vencido na reforma previdenciária militar
O deputado federal Glauber Braga foi um dos que votou para que o PL 1.645 fosse ao Plenário da Câmara.
A tática possibilitaria uma discussão mais aprofundada sobre a reforma previdenciária dos militares, e uma possível equalização das distorções e injustiças propaladas pelos militares de baixa patente.
Porém, o voto de Glauber foi vencido, e a Lei nº 13.954/2019 foi sancionada pelo presidente da República – um capitão reformado do Exército – sem que se cumprisse um acordo feito entre o Senado e o governo Bolsonaro para revisão da lei.
Glauber sobre os militares: “vamos trabalhar para garantir direitos”
Desde aquela época, Glauber Braga aproximou-se de algumas lideranças militares no Rio de Janeiro, como se pode ver nessa matéria da Revista Sociedade Militar, e lentamente foi se tornando uma voz de parcela significativa de militares do baixo escalão das Forças Armadas.
Militares esses, que alegam desde 2019, que foram “deixados para trás” pela nova reestruturação da carreira.
Aguerrido como poucos, Glauber até há pouco tempo mostrou-se intransigente na defesa dos direitos de milhares de praças e pensionistas, que tiveram seus direitos afetados pela nova legislação.
No vídeo abaixo, Glauber Braga discute com o deputado Eliezer Girão, um general do Exército brasileiro: