Em mais um gesto de aproximação com as Forças Armadas, o governo Lula publicou nessa terça-feira (15) no Diário Oficial da União uma série de decretos promovendo 416 militares – sendo 386 do Exército e 30 da Marinha e Aeronáutica, com diferentes graus da Ordem do Mérito Militar, uma das mais importantes condecorações militares do país – além de conceder a Insígnia de Bandeira a cinco organizações militares. A medida ocorre um mês após a aprovação de um reajuste de 9% nos soldos, em um claro movimento para fortalecer laços com a caserna.
Promoções abrangem todas as patentes
Os decretos presidenciais promoveram militares em diferentes níveis hierárquicos, desde oficiais superiores – como coronéis e tenentes-coronéis – até graduados, incluindo subtenentes e sargentos. Entre os nomes que tiveram patentes elevadas estão:
- Coronel de Infantaria Adenir Fernandes Nogueira (promovido a Oficial)
- Vice-Almirante Alexandrino Machado Neto (elevado a Grande-Oficial)
- Major-Brigadeiro do Ar Adolfo Aleixo da Silva Júnior (também promovido a Grande-Oficial)
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Lula publicou nesta terça-feira (15) decreto em que condecora e promove 416 membros das Forças Armadas e concede honrarias a cinco organizações, em novo gesto de aproximação com a caserna. (Reprodução/Youtube)
Além disso, o presidente admitiu novos membros na Ordem do Mérito Militar, incluindo personalidades como a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, e o ex-procurador-geral da União, Marcelo Feitosa Almeida, ambos no grau de Grande-Oficial.
Cinco organizações militares recebem Insígnia de Bandeira
O governo também concedeu a Insígnia de Bandeira – honraria destinada a instituições que se destacam em serviços relevantes – às seguintes organizações:
- Diretoria de Controle de Efetivos e Movimentações (Exército Brasileiro)
- Diretoria de Educação Superior Militar (Exército Brasileiro)
- 22ª Brigada de Infantaria de Selva (Exército Brasileiro)
- Secretaria Naval de Segurança Nuclear e Qualidade (Marinha do Brasil)
- Centro de Transporte Logístico da Aeronáutica (Força Aérea Brasileira)
A escolha reflete setores estratégicos, como controle de pessoal, formação de oficiais, operações na Amazônia, segurança nuclear e logística aérea.
Novo gesto após reajuste salarial
A extensa lista de homenageados surge apenas duas semanas após o governo federal anunciar um aumento de 9% no soldo dos militares, dividido em duas parcelas — a primeira em abril de 2025 e a segunda em janeiro de 2026.
O reajuste, que terá impacto de aproximadamente R$ 3 bilhões aos cofres públicos, beneficiará militares da ativa, da reserva e pensionistas de todas as patentes.
Estratégia de aproximação
O expressivo número de condecorações parece alinhar-se a uma série de gestos que o governo Lula vem fazendo para estreitar relações com os militares desde o início de seu terceiro mandato.
Em abril de 2024, por exemplo, o presidente compareceu às celebrações do Dia do Exército no Quartel General em Brasília, mantendo a tradição presidencial. Na ocasião, analistas políticos já identificavam um movimento calculado de aproximação.
Relação delicada
A relação entre o atual governo e as Forças Armadas começou tensa, com a exoneração de mais de cem militares de cargos no Palácio do Planalto logo após a posse em 2023, especialmente no Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Os três comandantes das Forças também foram substituídos no início do governo, em meio a resquícios de tensão após os eventos de 8 de janeiro de 2023.
Papel de Alckmin
O vice-presidente Geraldo Alckmin tem desempenhado papel importante nessa aproximação, realizando encontros com comandantes militares e sinalizando a intenção do governo de retomar investimentos na área de Defesa.
As cerimônias e visitas a instalações militares, como a ida de Lula ao Comando da Marinha para conhecer projetos estratégicos em 2023, fazem parte dessa estratégia de normalização das relações.
Propostas de despolitização
Paralelamente às honrarias e aos reajustes, o governo tem recebido propostas para despolitizar os quartéis, incluindo uma minuta de PEC que disciplina a participação de militares da ativa na política e que conta com o apoio dos comandantes das três Forças.