Em um movimento estratégico com potencial para mudar profundamente a forma como as guerras são travadas, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) anunciou a aquisição do Maven Smart System (MSS), uma avançada plataforma de inteligência artificial desenvolvida pela empresa norte-americana Palantir Technologies.
A nova tecnologia será incorporada às forças da aliança nos próximos 30 dias.
Segundo o comunicado oficial da OTAN, o sistema proverá “capacidade de combate apoiada em dados, através de uma ampla gama de aplicações de IA – de grandes modelos de linguagem (LLMs) a aprendizado de máquina e IA generativa”.
Esse avanço marca uma mudança de paradigma no uso de algoritmos no campo de batalha.
A plataforma é um dos desdobramentos do polêmico Projeto Maven, criado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos em 2017 com o objetivo de integrar algoritmos de inteligência artificial às operações militares.
Embora tenha começado como um programa experimental, o projeto vem ganhando robustez e sofisticação ao longo dos anos.
Palantir: o cérebro por trás da máquina
A empresa Palantir Technologies, responsável pelo desenvolvimento do MSS, é conhecida por sua atuação em áreas sensíveis da segurança nacional norte-americana.
Fundada em 2003 por Peter Thiel, bilionário do Vale do Silício e cofundador do PayPal, a Palantir tornou-se um dos principais fornecedores de software de análise de dados para o governo dos EUA.
Desde sua fundação, a companhia trabalha com agências como a CIA, NSA e o Pentágono, desenvolvendo soluções que vão desde o combate ao terrorismo até a vigilância estratégica global.
A Palantir é notoriamente sigilosa em relação aos detalhes técnicos de seus produtos.
No caso do Maven Smart System, poucas informações foram divulgadas publicamente.
Ainda assim, uma das declarações mais relevantes da OTAN sobre o MSS destaca que o sistema “sofistica a fusão de inteligência e targeting, planejamento e consciência do campo de batalha, e tomada de decisões acelerada”.
IA com poder de selecionar alvos
A utilização do termo “targeting” (mira, em inglês) chama a atenção por seu significado direto: o sistema seria capaz de identificar e selecionar alvos automaticamente para ações ofensivas.
Essa capacidade levanta discussões éticas e jurídicas sobre o uso de sistemas autônomos em zonas de conflito.
Embora a OTAN não tenha esclarecido se o sistema tem permissão para executar ataques de forma autônoma — ou se é necessária autorização humana final —, o simples fato de uma IA poder indicar alvos prioritários já muda drasticamente o ritmo e a natureza da tomada de decisão em cenários de guerra.
A velocidade com que essas decisões são processadas por algoritmos supera em muito a capacidade humana de análise em tempo real.
Isso pode significar que, em um conflito futuro, a vantagem pertencerá às forças que tiverem as melhores IAs, não necessariamente o maior número de tropas.
A corrida por sistemas de guerra inteligentes
A adesão da OTAN ao sistema da Palantir é apenas um capítulo em uma disputa global por supremacia tecnológica no campo militar.
Rússia, China, Israel e até mesmo países como a Coreia do Sul têm investido pesadamente no desenvolvimento de armamentos baseados em IA, desde drones com aprendizado de máquina até tanques autônomos.
O uso da IA para planejamento estratégico, análise de riscos, logística e monitoramento já é comum em muitos exércitos modernos.
O diferencial do MSS está em sua capacidade de integrar todas essas funções e ainda propor ações ofensivas com base na análise de grandes volumes de dados em tempo real.
Ou seja, não se trata apenas de um assistente digital, mas de um cérebro artificial com potencial decisório.
O futuro da guerra está nas linhas de código
A consolidação do Maven Smart System como parte das operações da OTAN inaugura uma nova era para os conflitos armados.
O campo de batalha agora será definido por quem tem os melhores dados, os algoritmos mais eficientes e a capacidade de prever os próximos passos do inimigo antes mesmo que ele os tome.
Analistas militares afirmam que esse tipo de sistema pode levar ao surgimento de conflitos relâmpagos, com decisões estratégicas tomadas em segundos por redes neurais artificiais, com humanos apenas supervisionando o processo.
Isso não apenas acelera a guerra, como também desloca o papel dos comandantes militares tradicionais.
Agora, os operadores precisarão dominar análise de dados, cibersegurança e engenharia de software, além de táticas convencionais de combate.