Alguns países ao redor do mundo optaram por extinguir suas forças armadas, adotando medidas civis, tratados internacionais e acordos bilaterais para manter a segurança e a soberania nacional. A decisão, considerada incomum em escala global, surpreende por apresentar resultados estáveis mesmo sem estruturas militares tradicionais.
Ao contrário do Brasil, que mantém um dos maiores efetivos militares da América Latina, essas nações justificam a ausência de exército por razões econômicas, históricas ou estratégicas. Em vez de depender da força militar, apostam em políticas de neutralidade, alianças com potências e investimentos em outras áreas prioritárias como saúde e educação.
A seguir, conheça o caso de quatro países que abriram mão de manter um exército e entenderam como garantir sua soberania por outros caminhos, com destaque para Costa Rica, Islândia, Panamá e Liechtenstein.
Costa Rica: pioneira na extinção militar e foco no bem-estar social
A Costa Rica fica no meio da América Central (Foto: Wikimedia Commons)
A Costa Rica, localizada na América Central, foi o primeiro país do mundo a abolir suas forças armadas. A decisão ocorreu em 1948, logo após o fim de uma guerra civil que provocou perdas econômicas significativas. Desde então, o país investe em uma força civil de segurança e concentra esforços em áreas sociais.
A medida desafiou o modelo tradicional adotado por nações vizinhas, especialmente em uma região marcada por constantes intervenções militares na política. A estratégia costarriquenha provou ser eficaz, com aumento nos índices de desenvolvimento humano e estabilidade democrática ao longo das décadas seguintes.
De acordo com o Observatório de Desenvolvimento da Universidade da Costa Rica, os recursos economizados com a manutenção de um exército foram redirecionados para educação, saúde e bem-estar da população, resultando em melhores indicadores sociais do que os de outros países da região.
Islândia: segurança garantida pela OTAN e apoio dos Estados Unidos
A Islândia é uma ilha no Oceano Atlântico, entre os Estados Unidos e a Europa (Foto: Wikimedia Commons)
A Islândia, localizada entre os continentes americano e europeu, não possui forças armadas desde 1869. Embora ocupe uma posição estratégica no Atlântico Norte, a defesa do país é assegurada por alianças militares, principalmente com os Estados Unidos.
O acordo de defesa bilateral firmado em 1951 estabelece que os Estados Unidos são responsáveis pela proteção do território islandês. Além disso, a Islândia é membro fundador da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o que reforça o compromisso de defesa mútua entre seus integrantes.
A estratégia islandesa demonstra que a soberania pode ser mantida por meio de acordos internacionais, sem a necessidade de manutenção de tropas nacionais. Países como França, Reino Unido e Estados Unidos integram o esforço coletivo que garante a segurança da ilha.
Liechtenstein: neutralidade e diplomacia em lugar da força armada
O Liechtenstein é um pequeno principado entre a Suíca e a Áustria (Foto: Wikimedia Commons)
O Principado de Liechtenstein, com cerca de 40 mil habitantes, aboliu seu exército em 1868 por considerar os custos de manutenção elevados demais para o tamanho do país. A partir de então, adotou uma política de neutralidade e passou a confiar em sua diplomacia e na estabilidade regional europeia.
A segurança do território é garantida por uma força policial civil, e o país mantém relações amistosas com seus vizinhos, Suíça e Áustria. Apesar de não possuir forças armadas, Liechtenstein nunca enfrentou conflitos armados em seu território desde a extinção de seu exército.
Sua pequena dimensão geográfica, combinada com uma atuação diplomática eficaz, permite ao principado manter sua soberania de forma pacífica e estável, sem ameaças significativas à sua integridade nacional.
Panamá: desmilitarização após intervenção dos Estados Unidos
O Panamá é a ligação entre a América do Sul e a América Central (Foto: Wikimedia Commons)
O Panamá, localizado entre a América do Sul e a América Central, aboliu oficialmente suas forças armadas em 1990. A decisão foi tomada após a intervenção militar dos Estados Unidos em 1989, que teve como objetivo depor o então ditador Manuel Noriega.
Conhecida como Operação “Just Cause”, a ação militar buscou restaurar a democracia no país. Após a retirada das tropas norte-americanas, o governo panamenho optou por manter instituições de segurança exclusivamente civis, extinguindo o exército como forma de evitar futuras instabilidades.
A presença do Canal do Panamá também foi um fator importante para essa decisão. Desde o retorno do controle do canal aos panamenhos, em 1999, o país passou a reforçar sua imagem como uma nação pacífica e estratégica, com foco no desenvolvimento logístico e econômico.
Brasil segue com forças armadas consolidadas e papel regional ativo
Enquanto essas nações optaram por modelos alternativos de segurança, o Brasil mantém uma das maiores estruturas militares da América Latina, com presença ativa em missões de paz da ONU e em ações de defesa nacional. As Forças Armadas brasileiras seguem sendo um pilar da soberania, com investimentos contínuos em modernização e atuação nas três dimensões: Exército, Marinha e Aeronáutica.
A informação foi divulgada pela Gazeta de São Paulo, que destacou os exemplos de Costa Rica, Islândia, Panamá e Liechtenstein como referências de nações que optaram por caminhos alternativos à presença de forças armadas.
Esses casos demonstram que, embora a maioria dos países mantenha exércitos ativos, há exceções que desafiam o modelo tradicional de defesa nacional. A ausência de forças armadas, quando acompanhada de acordos estratégicos e estabilidade interna, pode ser uma alternativa viável e segura.