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Bruxas da Noite: a saga das pilotos soviéticas que aterrorizavam nazistas em biplanos de lona

Na escuridão da Segunda Guerra Mundial, jovens aviadoras soviéticas, parte de uma iniciativa que também formou destemidas pilotos de caça soviéticas, usaram biplanos obsoletos para semear o pânico e a destruição nas linhas nazistas, ganhando o temido apelido de Nachthexen.

por Bruno Teles
09/05/2025
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Durante a Segunda Guerra Mundial, um som suave, como o de uma vassoura varrendo o céu, assombrava os soldados alemães na Frente Oriental. Era o prenúncio dos ataques mortais das “Bruxas da Noite” (Nachthexen), as aviadoras do 588º Regimento de Bombardeio Noturno da União Soviética. Composto inteiramente por mulheres jovens, este regimento utilizava frágeis biplanos Polikarpov Po-2 para realizar missões devastadoras sob o manto da escuridão, tornando-se uma lenda e um símbolo de coragem e resistência feminina em um conflito brutal. Sua história é parte de um esforço maior que viu mulheres soviéticas alçarem voo em diversas funções, incluindo como temidas pilotos de caça soviéticas.

Bruxas da Noite: a saga das pilotos soviéticas que aterrorizavam nazistas em biplanos de lona

Como a crise da guerra forjou as pilotos de caça soviéticas e bombardeiros noturnos

A invasão alemã à União Soviética em 1941, a Operação Barbarossa, impôs perdas catastróficas. A situação desesperadora exigiu a mobilização total de recursos. Nesse cenário, a Major Marina Raskova, uma célebre aviadora, convenceu Joseph Stalin a autorizar a formação de unidades aéreas de combate femininas. Em outubro de 1941, nasceram três regimentos: o 588º de Bombardeio Noturno, o 586º de Aviação de Caça (formando pilotos de caça soviéticas) e o 587º de Bombardeiros.

Milhares de jovens, muitas estudantes entre 17 e 26 anos, se voluntariaram. As recrutas do 588º foram enviadas a Engels para um treinamento intensivo e brutalmente acelerado. Em apenas seis meses, precisaram dominar pilotagem, navegação e manutenção, um currículo que normalmente levaria um ano e meio. Enfrentaram falta de recursos, recebendo uniformes masculinos inadequados e equipamentos defasados, mas sua determinação era inabalável sob o comando da Major Yevdokia Bershanskaya.

O obsoleto biplano Po-2 

A aeronave do 588º Regimento era o Polikarpov Po-2. Este biplano, projetado em 1928 para treinamento e agricultura, era feito de madeira e lona, com cockpits abertos. Apelidado de “máquina de costura” pelo som do motor, sua velocidade máxima era de apenas 152 km/h. Carregava poucas bombas, exigindo múltiplas missões por noite. Sem blindagem, rádio ou radar, e inicialmente sem paraquedas para economizar peso, pilotá-lo era um risco constante.

Contudo, essas pilotos soviéticas transformaram as fraquezas do Po-2 em vantagens. Sua baixa velocidade era inferior à de estol dos caças alemães, dificultando ataques inimigos. A manobrabilidade permitia evasivas ágeis na escuridão. A construção rudimentar dificultava a detecção por radares. Além disso, o Po-2 podia operar de pistas improvisadas perto da linha de frente, conferindo flexibilidade tática.

As táticas noturnas que renderam às pilotos soviéticas o apelido de “Bruxas da Noite”

A missão principal do 588º Regimento era o bombardeio de assédio noturno. Elas atacavam depósitos, centros de comando e artilharia inimiga. O objetivo era causar destruição material e minar o moral alemão. Sua tática mais célebre era a aproximação silenciosa: ao se aproximarem do alvo, reduziam o motor para marcha lenta, planando. O único som era um “whoosh”, que os alemães comparavam a vassouras, originando o apelido “Nachthexen”. As pilotos soviéticas adotaram o nome com orgulho.

Essa técnica furtiva permitia que as bombas caíssem de surpresa. Tornaram-se mestras da guerra psicológica, privando as tropas inimigas de sono. Cada tripulação realizava de oito a dezoito missões por noite. As equipes de terra, também femininas, reabasteciam e recarregavam as aeronaves em minutos, sob condições extremas.

Os perigos reais e as lutas pessoais das aviadoras

Bruxas da Noite: a saga das pilotos soviéticas que aterrorizavam nazistas em biplanos de lona

As missões das “Bruxas da Noite” eram extremamente perigosas. Artilharia antiaérea e holofotes alemães varriam os céus. Caças noturnos eram uma ameaça constante. Derrubar uma “Bruxa da Noite” rendia a Cruz de Ferro ao piloto alemão. As aeronaves de madeira e lona eram altamente inflamáveis. Voar sem paraquedas até 1944 era quase uma sentença de morte se atingidas. A navegação noturna, feita com instrumentos básicos, era um desafio imenso, especialmente sob o inverno russo brutal. Temperaturas congelantes causavam queimaduras de frio.

O regimento perdeu entre 30 e 32 membros, mais de 25% de suas tripulações aéreas. Além das ameaças de combate, as mulheres enfrentavam sexismo dentro de suas próprias fileiras militares. Ceticismo e falta de respeito eram comuns. Elas lutaram não apenas contra o inimigo, mas também contra o preconceito, tornando suas conquistas ainda mais notáveis.

As conquistas em combate e a memória imortal das Bruxas da Noite

O 588º Regimento combateu de junho de 1942 até o fim da guerra na Europa, participando de batalhas cruciais no Cáucaso, Crimeia, Polônia e chegando a Berlim. Coletivamente, acumularam mais de 23.000 missões e lançaram mais de 3.000 toneladas de bombas. Destruíram ou danificaram centenas de alvos inimigos. Muitas pilotos e navegadoras ultrapassaram 800 missões individuais.

Em fevereiro de 1943, a unidade recebeu o título de “Guardas”, sendo renomeada 46º Regimento de Aviação de Bombardeiros Noturnos da Guarda. Mais tarde, recebeu o título honorífico “Taman”. Vinte e três de suas integrantes foram nomeadas Heróis da União Soviética. Apesar disso, após a guerra, suas contribuições foram frequentemente obscurecidas, e foram excluídas da parada da vitória em Moscou. Mesmo assim, o legado das “Bruxas da Noite” perdura como um símbolo poderoso de coragem e resiliência feminina, inspirando até hoje.

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