Brasil surpreende o mundo com contrato internacional e dá salto histórico rumo ao seu primeiro submarino nuclear de alta tecnologia
Brasil dá um passo decisivo rumo à soberania tecnológica com novo contrato internacional para seu primeiro submarino nuclear, despertando interesse global e consolidando uma importante virada na indústria naval e defesa nacional brasileira.
Sem alarde, o Brasil está mais perto de concretizar um dos maiores marcos tecnológicos e militares da sua história: a construção do submarino nuclear Álvaro Alberto.
E, embora os holofotes nem sempre estejam voltados para ele, o projeto carrega consigo ambições estratégicas, tecnológicas e geopolíticas de longo alcance.
Segundo informações exclusivas de Marcelo Godoy, em sua coluna no Estadão, nesta semana o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, devem embarcar rumo à França para oficializar um novo contrato essencial para a continuidade da construção do primeiro submarino nuclear brasileiro.
O acordo, que será assinado com o consórcio francês Naval Group, prevê a compra de chapas metálicas especiais que comporão o casco resistente do Submarino Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA).
A assinatura ocorrerá em Toulon, cidade portuária francesa onde está localizada a base naval e a sede do Naval Group, o principal parceiro do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub).
Esse novo passo reafirma a sólida parceria estratégica entre Brasil e França, iniciada em 2008, e é considerado vital para o cronograma atual da terceira e mais sofisticada fase do Prosub.
O ambicioso Prosub: marcos, investimentos e entregas
Desde o início do Prosub, o Brasil tem perseguido o sonho de ingressar no seleto grupo de nações com capacidade para operar submarinos com propulsão nuclear.
O projeto inclui a construção de quatro submarinos convencionais e um submarino nuclear, este último batizado de Álvaro Alberto, em homenagem ao almirante responsável pelo programa nuclear brasileiro.
Até agora, três submarinos convencionais foram finalizados ou estão próximos da conclusão:
- O Riachuelo (S-40) já foi entregue.
- O Humaitá (S-41) também está em operação.
- O Tonelero (S-42) foi lançado ao mar em 2024 e tem entrega prevista ainda para este ano.
- Já o Almirante Karam (S-43) tem lançamento agendado para 2025 e entrega prevista para 2026.
A etapa mais desafiadora, porém, é o desenvolvimento do Álvaro Alberto.
Este submarino exigirá um grau de sofisticação técnica inédito na história da indústria militar brasileira.
De acordo com estimativas da Marinha, o investimento necessário para a construção pode alcançar até R$ 25 bilhões.
A expectativa é de que o SNCA esteja concluído até 2033, se o cronograma não sofrer novos atrasos por cortes orçamentários, como já ocorreu em fases anteriores.
Uma peça-chave na defesa da Amazônia Azul
Mais do que um salto tecnológico, o Álvaro Alberto é um símbolo da estratégia de defesa marítima brasileira.
A embarcação terá como principal missão proteger a chamada Amazônia Azul, o conjunto de águas jurisdicionais do Brasil, que abriga uma imensa biodiversidade, reservas de petróleo, gás natural e rotas comerciais vitais.
Com a entrada em operação do SNCA, o Brasil fortalecerá substancialmente sua capacidade de dissuasão e sua projeção de poder no Atlântico Sul.
Além disso, a Marinha Brasileira aposta que a presença de uma força subaquática nuclear contribuirá para equilibrar a balança estratégica em um mundo cada vez mais instável.
França e Brasil: uma parceria estratégica consolidada
O Naval Group, empresa francesa com longa tradição na construção de submarinos e embarcações militares, tem sido o principal braço técnico do Brasil no desenvolvimento do SNCA.
Durante a visita oficial, a comitiva brasileira também conhecerá de perto a base de operações francesas e discutirá novas possibilidades de cooperação.
Além do suporte técnico, o Brasil também está absorvendo conhecimento por meio da formação de engenheiros e militares brasileiros que acompanham as etapas de desenvolvimento do projeto na Europa.
Essa transferência de tecnologia é considerada um dos maiores legados do Prosub.
Itaguaí: o polo industrial da defesa naval
Outro pilar do programa é a estrutura física que está sendo erguida no estado do Rio de Janeiro.
O Complexo Naval de Itaguaí já abriga um moderno estaleiro e uma base de submarinos, e se tornou um núcleo estratégico para a indústria de defesa nacional.
Nos próximos anos, o Brasil espera não apenas finalizar o Álvaro Alberto, mas também utilizar o know-how adquirido para desenvolver novos projetos e até exportar submarinos convencionais para países da América Latina.
Há ainda o interesse em usar a base para desenvolver soluções para o setor de petróleo e gás offshore.
Cenário internacional e desafios futuros
Apesar do avanço, o contexto internacional ainda apresenta desafios para a expansão da frota nuclear.
O Brasil, ao contrário de países como Austrália, EUA e Reino Unido — que integram a parceria AUKUS para a construção conjunta de submarinos nucleares —, optou por um modelo independente e sem fins bélicos.
O país não pretende, por ora, aderir a alianças militares nucleares, nem comercializar tecnologia sensível, como fazem as potências ocidentais.
O projeto brasileiro é guiado pelo compromisso de defesa legítima e pela proteção de sua soberania marítima.