Cúpula militar paralisa atividades para assistir depoimento de Bolsonaro ao STF e gera tensão nos bastidores das Forças Armadas
Audiência com o ex-presidente Jair Bolsonaro mobilizou gabinetes militares em Brasília, em meio à apuração sobre reuniões e conversas envolvendo integrantes das Forças Armadas durante o processo eleitoral de 2022

A cúpula das Forças Armadas suspendeu momentaneamente as atividades na manhã de terça-feira (10) para acompanhar o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF). O caso é acompanhado com apreensão pelos altos comandos, já que envolve diretamente nomes relevantes da estrutura militar.
Televisores foram ligados em gabinetes da Esplanada e no Quartel-General do Exército, em Brasília. Oficiais superiores acompanharam com atenção o depoimento de Bolsonaro, temendo que suas declarações possam gerar novos desdobramentos para a imagem institucional das Forças Armadas.
O depoimento foi conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga reuniões, documentos e manifestações realizadas por militares e civis no contexto pós-eleitoral de 2022. Bolsonaro admitiu ter discutido com membros das Forças Armadas possibilidades após o resultado das urnas, mas disse que prevaleceu o entendimento de que o processo estava encerrado.
Durante seu depoimento, o ex-presidente afirmou que os militares eram pessoas de sua confiança, mas que, diante da derrota eleitoral, não havia margem para qualquer tipo de ação. “O sentimento de todo mundo é de que não tínhamos mais nada que fazer. Então, tínhamos que entubar o resultado das eleições”, declarou Bolsonaro.
Ao todo, nove militares são alvos de investigação. Entre eles estão generais da reserva como Walter Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Estevam Theophilo, além de um general da ativa, Nilton Diniz, e o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha. Também constam nos autos Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e dois coronéis do Exército.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, os militares teriam participado de reuniões estratégicas e contribuído para a elaboração de documentos que questionavam a legitimidade do processo eleitoral. A apuração segue sob acompanhamento do STF e envolve diversos desdobramentos administrativos e jurídicos.
A informação foi divulgada por Metropoles e complementada com dados públicos disponíveis em registros oficiais do Supremo Tribunal Federal e documentos divulgados pela Procuradoria-Geral da República.