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Força Aérea e Marinha do Brasil flagram e interceptam ‘submarino’ de 25 toneladas escondido na Amazônia e operação entra para a história

Com sensores de última geração, FAB localiza submarino de 25 toneladas escondido no Pará. Entenda como traficantes operam na Amazônia.

por Flavia Marinho Publicado em 08/06/2025
Força Aérea e Marinha do Brasil flagram e interceptam ‘submarino’ de 25 toneladas escondido na Amazônia e operação entra para a história

Imagine um avião de alta tecnologia cruzando os céus da Amazônia e localizando, em meio à imensidão dos rios e galpões camuflados, um submarino clandestino usado por traficantes. Foi exatamente isso que aconteceu no final de maio. Um R-99 da Força Aérea Brasileira (FAB), apoiado por sistemas espaciais da própria FAB, foi peça-chave em uma operação que resultou na apreensão de uma embarcação semi-submersível no município de Chaves, no coração do Arquipélago do Marajó, no Pará.

Com a identificação do alvo, a Marinha do Brasil e a Polícia Federal organizaram uma abordagem cirúrgica que chamou a atenção pela sofisticação da integração entre as forças de segurança.

Como a FAB conseguiu localizar o “submarino”?

O avião envolvido, um R-99, não é um simples patrulheiro aéreo. Trata-se de uma plataforma de vigilância equipada com sensores eletro-ópticos MX-15, capazes de identificar alvos a longas distâncias. Essas câmeras operam tanto de dia quanto à noite, em modo termal ou com baixa iluminação, graças a uma torreta estabilizada em quatro eixos.

Além disso, o R-99 conta com um radar de última geração que oferece imagens detalhadas e com um sistema de comunicação que permite interação em tempo real com unidades em terra e no mar. Mesmo com a embarcação escondida entre galpões ribeirinhos, os sistemas da FAB conseguiram monitorar não apenas o local, mas também os movimentos suspeitos na região.

Esse tipo de tecnologia faz parte da crescente aposta do Brasil em vigilância aérea e espacial para reforçar a segurança das fronteiras e combater crimes transnacionais. Segundo o Comando da Aeronáutica, o uso de aviões como o R-99 permite ampliar a cobertura de áreas remotas e inóspitas como a Amazônia, onde o tráfico de drogas avança com métodos cada vez mais sofisticados.

Um “submarino” a caminho da Europa?

A operação, realizada no dia 31 de maio, foi um exemplo claro da cooperação entre as forças de segurança brasileiras. Após a detecção aérea, a Marinha do Brasil enviou o Navio-Patrulha Guarujá para rebocar a embarcação até a Base Naval de Val de Cães, em Belém (PA), onde ela chegou no dia 6 de junho. Lá, o “submarino” improvisado será periciado para ajudar no avanço das investigações.

De acordo com Fernando Casarin, Delegado Regional de Polícia Judiciária da Polícia Federal no Pará, “pelas características da embarcação, tudo indica que ela seria usada no transporte de cocaína, do Brasil para a Europa ou para a costa norte da África”. Leia mais sobre o uso de submarinos pelo tráfico, uma tendência que vem se espalhando por rotas internacionais nos últimos anos.

No momento da abordagem, um homem, morador da propriedade onde a embarcação foi encontrada,  foi preso por porte ilegal de arma de fogo. No entanto, nenhuma droga foi localizada no interior da embarcação.

A complexidade de detectar um “submarino” amazônico

Para o Comandante do Grupamento de Patrulha Naval do Norte, Capitão de Mar e Guerra Guilherme Barros Moreira, embarcações semi-submersíveis como essa são extremamente difíceis de identificar. “A embarcação tem cerca de 18 metros de comprimento e pesa aproximadamente 25 toneladas. O que a caracteriza como uma embarcação semi-submersível é o fato de ter um motor, com descarga para a superfície. É uma embarcação rudimentar, com poucos equipamentos em seu interior, basicamente, somente um equipamento de propulsão”, explicou o oficial.

Essas embarcações são construídas justamente para evitar a detecção por radares convencionais. Muitas vezes, apenas uma pequena parte da estrutura fica visível acima da linha d’água, reduzindo ao máximo o sinal que poderia ser captado por aviões ou navios. Por isso, a atuação coordenada entre as capacidades espaciais, aéreas e navais foi determinante para o sucesso da missão.

Legalidade e papel das Forças Armadas

A operação está amparada pela Lei Complementar nº 136/2010, que, em seu artigo 16-A, atribui às Forças Armadas a responsabilidade subsidiária de atuar de maneira preventiva e repressiva na faixa de fronteira terrestre, no mar e em águas interiores, em combate aos delitos transfronteiriços e ambientais, sempre em coordenação com órgãos do Poder Executivo.

Esse tipo de colaboração entre a FAB, a Marinha do Brasil e a Polícia Federal mostra como o Brasil tem evoluído na proteção de seu território, principalmente em áreas como a Amazônia, onde a logística de combate ao crime é especialmente desafiadora.

Segundo o Monitor Mercantil, o tráfico internacional de drogas por meio de embarcações semi-submersíveis é uma ameaça crescente que já mobiliza forças de segurança em diversos países. O Brasil, com sua extensa costa e hidrovias, tornou-se uma das rotas preferidas por criminosos que buscam acessar mercados internacionais.

Este episódio reforça o alerta sobre o uso de tecnologia cada vez mais sofisticada pelo crime organizado. Ao mesmo tempo, demonstra que o investimento em sistemas modernos de vigilância e na integração entre forças de segurança é essencial para enfrentar esse tipo de ameaça.

Ainda há muito a ser investigado sobre as redes por trás dessa embarcação apreendida. A perícia deverá revelar pistas importantes que ajudarão a Polícia Federal a rastrear os envolvidos e possivelmente desmontar parte do esquema.

Enquanto isso, o trabalho conjunto da FAB, da Marinha do Brasil e da Polícia Federal segue como um exemplo de ação eficaz no combate aos crimes transnacionais que desafiam as fronteiras brasileiras.

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Flavia Marinho

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas militar, segurança, indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato com flaviacamil@gmail.com para sugestão de pauta ou proposta de publicidade no portal. Não enviar currículo!