Assistência médica na cidade, afetada por conflitos desde abril, se encontra em risco
Ontem (20/7), quatro profissionais de Médicos Sem Fronteiras (MSF), quatro motoristas e uma equipe de outros 10 trabalhadores foram parados por um grupo de homens armados enquanto transportavam suprimentos médicos para o Hospital Turco, no sul de Cartum, capital do Sudão, onde a organização oferece cuidados de saúde.
Após discutir sobre os motivos da presença de MSF, os homens armados agrediram fisicamente nossa equipe e detiveram o motorista de um de nossos veículos. Eles ameaçaram a vida do motorista antes de soltá-lo e roubaram o veículo.
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Clique aqui para seguirApós esse terrível incidente, MSF está alertando que as atividades da organização no hospital estão em sério risco e não poderão continuar se as garantias mínimas de segurança não forem atendidas.
“Para salvar a vida das pessoas, as vidas dos nossos profissionais que estão lá para realizar esse trabalho não devem ser colocadas em risco. Se um incidente como este acontecer novamente e se nossa capacidade de transportar suprimentos continuar a ser obstruída, então, infelizmente, nossa presença no Hospital Turco se tornará insustentável”, diz Christophe Garnier, coordenador de emergências de MSF no Sudão.
O Hospital Turco é um dos dois únicos hospitais que permanecem abertos em todo o sul de Cartum – ambos apoiados por MSF. MSF é uma das poucas organizações médico-humanitárias internacionais que ainda estão presentes na cidade, apoiando hospitais no Leste e no Sul de Cartum, além de atuar em Omdurman.
MSF está apoiando o Ministério da Saúde para manter o sistema de saúde, que está extremamente frágil, em funcionamento. Mas, após a violência do dia 20 de julho – e a série de incidentes que a precederam –, a organização está começando a pensar que seu apoio contínuo poderá não ser mais possível em breve.
O incidente aconteceu a apenas 700 metros do Hospital Turco, onde centenas de pacientes – incluindo crianças – estão atualmente em tratamento. Ainda no dia 20 de julho, recebemos 44 pacientes que foram feridos em um ataque aéreo.
Há três semanas e meia, recebemos outro grande fluxo de feridos de guerra – principalmente mulheres e crianças – que foram afetados após a escalada dos conflitos em torno da sede da Polícia Central de Reserva.
Diariamente, o hospital recebe cerca de 15 pacientes feridos, realiza cirurgias vitais e mantém pacientes com doenças crônicas com vida. Nossas equipes trabalham 24 horas por dia sob condições intensas para tratar todos aqueles que precisam de cuidados, mas estão sendo agredidas e abusadas fisicamente quando saem do hospital.
MSF tratou mais de 1.600 pacientes feridos por causa dos conflitos em Cartum desde o início dos combates, em abril, e pretendemos continuar fazendo isso. No entanto, a situação de segurança se agravou tão dramaticamente nas últimas semanas que nossa presença no Hospital Turco agora está em discussão.
Desde a escalada da atual crise no Sudão, MSF tem trabalhado ativamente em 12 estados: Cartum, Kassala, Al-Jazeera, Darfur Ocidental, Darfur do Norte, Darfur Central, Darfur do Sul, Mar Vermelho, El-Gedaref, Nilo Azul, Rio Nilo e Estados do Nilo Branco.
ASSESSORIA DE IMPRENSA
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