Não é novidade para ninguém que, feitas as comparações devidas com outras carreiras tipicamente de Estado – como aquelas dos poderes Judiciário ou Legislativo, e até mesmo no próprio Executivo, como é o caso da Defesa – os militares estão, se não na lanterninha salarial, bem próximos dela. Uma matéria ricamente embasada publicada pela Revista Sociedade Militar há alguns dias mostrou que os “Militares das Forças Armadas ficaram 4,71% mais pobres em 2024“.
O Ministro da Defesa, a única figura pública, além do Presidente do Brasil, que tem autoridade e legitimidade para propor mudanças nesse quadro, foi entrevistado ontem no programa Roda Viva. Seu depoimento durou quase duas horas. Ele só por um minuto tocou no assunto salário. E não foi dos militares.
Carreira civil na Defesa com salário de coronel
Transcorrida pouco mais de uma hora de perguntas, o jornalista Cézar Feitosa, do jornal Folha de São Paulo, salientou em tom de elogio que Mucio foi o único Ministro da Defesa da história que conseguiu criar uma carreira civil dentro do Ministério da Defesa.
Cézar Feitosa — O senhor conseguiu uma coisa que muitos Ministros de Defesa tentaram e não conseguiram, que foi criar uma carreira civil dentro do Ministério de Defesa. Há um ponto aí… que o salário que é oferecido para esse concurso é menor que o salário dado a um aspirante oficial, ou seja, o militar que recém sai da AMAN já vai receber mais do que um civil que vai pensar a defesa junto com o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas etc. Por que esse salário? E é atrativo?
José Mucio — Primeiro, a gente tem que dar atratividade à carreira. Você está certíss imo. Segundo, eu não sei se o patamar é esse. Eu não estou a par disso. Quem cursa a AMAN – é quase uma faculdade – ele passa lá 5 anos, estudando muito, muito. Agora, eu preciso tomar ciência disso para que se faça um reparo, porque nós precisamos que no Ministério da Defesa a carreira civil tenha verdadeiramente atratividade.
Cézar Feitosa — Houve uma discussão sobre fixar o salário no salário de coronéis porque vai ter uma discussão entre coronéis e civis ali, dentro do Ministério da Defesa, considerando essa criação da nova carreira. O senhor acha que isso é o correto?
José Mucio — Eu acho que a gente pode discutir esse assunto. Está se criando também a carreira do Ministério da Justiça. A ministra Esther Dweck, por sinal é uma brilhantíssima ministra, e tem nos ajudado demais, tanto na questão do Calha Norte como nessa questão da carreira civil… Mas eu acho que a gente pode voltar a conversar sobre isso. Agora, eu quero dizer o seguinte, que esse ano foi um ano de muitas vitórias.