Mais uma cerimônia oficial, com muitos discursos e medalhas. No último mês, o Comando Militar do Planalto (CMP) promoveu, pela primeira vez, uma solenidade para homenagear cães policiais que se aposentaram. O evento aconteceu no Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), em Brasília, e contou com a presença de militares, autoridades e representantes de oito instituições diferentes. Além disso, estiveram presentes órgãos federais e estaduais de segurança pública.
Mas, passada a cerimônia, o que realmente acontece com esses cães depois que deixam o serviço?
Serviço intenso, descanso Curto
Os 24 cães K-9 que “passaram para a reserva” atuaram por cerca de oito anos em missões de patrulhamento, detecção de drogas e explosivos, resgate e proteção de instalações militares. Durante esse tempo, enfrentaram calor extremo, barulho de tiros, explosões, movimentações intensas e todo o estresse que o trabalho policial exige.
A despedida contou com um desfile simbólico e a entrega de medalhas de honra ao mérito. De acordo com o General de Divisão Ricardo Piai Carmona, comandante do CMP, “hoje é um dia de celebração, que destaca a importância da integração diária entre o Exército Brasileiro e os demais órgãos do Distrito Federal”.
Claro, ninguém discorda que esses animais são essenciais para as operações de segurança. Mas uma medalha pode não ser o suficiente após anos de serviço.
E depois da aposentadoria?
O destino dos cães aposentados varia. Oficialmente, cada órgão responsável pelos animais faz a doação deles após a aposentadoria. Na maioria dos casos, eles são adotados por seus treinadores, que os levam para casa após anos de convivência no trabalho.
Foi o caso da cadela Dobermann Ravenna, que agora mora com o Cabo Rubens Rochedo, seu instrutor desde os três meses de idade. De acordo com o militar, “a parceria continuará agora em casa”.
Mas nem todos os cães têm essa sorte. Alguns acabam em ONGs, esperando adoção, enquanto outros nem sempre encontram uma família. A falta de uma política pública estruturada para lidar com esses animais pós-serviço ainda é um problema real.
Reconhecimento simbólico dos Cães Policiais
A verdade é que, no Brasil, cães policiais não têm garantias reais após a aposentadoria. Em países como Estados Unidos e Reino Unido, existem programas oficiais para garantir assistência veterinária e acompanhamento desses animais após o fim do serviço. Aqui, tudo depende de quem estiver disposto a adotá-los.
No discurso, os cães são “heróis de quatro patas”. Mas, na prática, o Estado não se responsabiliza pelo bem-estar deles assim que saem da ativa. O reconhecimento não pode ser só uma cerimônia e uma medalha – esses animais merecem um plano de aposentadoria digno.
Até lá, seguimos vendo esses cães saindo de cena em eventos bonitos, mas sem garantias de que terão o descanso que realmente merecem.
