O EDGE Group, uma das maiores empresas globais de defesa e tecnologia, reforça sua presença no Brasil com investimentos robustos que já ultrapassam a marca de R$ 3 bilhões. O grupo, com sede nos Emirados Árabes Unidos, vem ampliando sua atuação estratégica no país por meio de aquisições, parcerias e construção de novas unidades industriais.
Entre as medidas anunciadas, está a instalação de novas fábricas da CONDOR e da SIATT, programadas para o próximo ano. Essas iniciativas representam não apenas a expansão física do grupo no território nacional, mas também o fortalecimento da cadeia produtiva da defesa brasileira, com geração significativa de empregos e transferência de tecnologia.
Novas fábricas devem gerar empregos e movimentar a cadeia produtiva da defesa nacional
A nova unidade da CONDOR será construída no estado de São Paulo, embora a localização exata ainda não tenha sido divulgada. Já a SIATT, empresa especializada em sistemas de alta tecnologia, ganhará duas novas instalações, sendo uma delas dedicada a um corpo técnico de 300 colaboradores, e a outra voltada exclusivamente para testes de explosivos.
Como o EDGE pretende contribuir com a formação de talentos brasileiros?
Além das fábricas, o EDGE Group planeja estreitar laços com instituições acadêmicas brasileiras. Entre os projetos futuros, estão parcerias com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com foco na capacitação de profissionais e desenvolvimento de tecnologias de ponta.
A empresa fará projetos com o ITA?
Também estão nos planos iniciativas educacionais em conjunto com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a própria SIATT. O objetivo é integrar ainda mais o conhecimento acadêmico à indústria nacional de defesa, com ênfase na inovação e no aprimoramento de mão de obra especializada.
Foto: Rodrigo Torres, CFO global e diretor financeiro da Edge Group/ divulgação
Por que o EDGE escolheu o Brasil para investir?
Rodrigo Torres: O Brasil é um importante centro na América Latina, com desafios e soluções semelhantes aos de outros mercados. Além disso, a parceria permite não só a expansão comercial, mas também o desenvolvimento tecnológico. O país possui empresas inovadoras e uma força de trabalho altamente qualificada.
Como o EDGE vai integrar as operações brasileiras à estratégia internacional?
Rodrigo Torres: Desde que entramos no mercado brasileiro, adquirimos participações na SIATT e na CONDOR. Com essas parcerias, já vemos resultados concretos, como novos contratos e a expansão industrial. No caso da SIATT, estamos desenvolvendo o MANSUP, um míssil antinavio de 70 km de alcance, em parceria com a Marinha do Brasil.
Quais os maiores obstáculos para operar no Brasil?
Rodrigo Torres: O sistema tributário brasileiro é complexo, mas contamos com uma equipe local dedicada para lidar com essas questões. O Brasil oferece grandes oportunidades no setor de defesa, com empresas bem estabelecidas e competitivas.
O grupo pretende ampliar parcerias com universidades ou empresas brasileiras?
Rodrigo Torres: Sim. Em 2025, planejamos firmar acordos com universidades como a PUC-Rio e a Unicamp. Também estamos desenvolvendo iniciativas de educação com a SIATT e o ITA.
Há planos de exportação para os produtos feitos no Brasil?
Rodrigo Torres: Vemos um imenso potencial. O MANSUP é um exemplo de sucesso, com negociações avançadas para exportação para África, Ásia e América Latina. A aquisição da CONDOR também reforça essa estratégia, pois a empresa já exporta para mais de 85 países.
Como a EDGE pretende garantir a transferência de tecnologia e treinamento da mão de obra?
Rodrigo Torres: Todas as empresas de defesa de alta tecnologia aderem a padrões rigorosos e práticas recomendadas bem estabelecidas. Da mesma forma, a EDGE não é exceção. Além disso, consideramos essas práticas como componentes essenciais do desenvolvimento econômico sustentável.
Qual a visão da empresa sobre a regulação do setor no Brasil?
Rodrigo Torres: A avaliação do ambiente regulatório brasileiro em relação ao setor de defesa envolve uma abordagem multifacetada, considerando vários aspectos, como a conformidade com as leis, a compreensão da estrutura para aquisição de produtos de defesa, as regulamentações de controle de exportação e as implicações geopolíticas mais amplas. Todos esses aspectos fazem parte de nosso plano estratégico de negócios personalizado para a região.
O grupo pretende se expandir para outros países da América Latina?
Após consolidar sua operação no Brasil, o EDGE Group já mira novos mercados na região. A empresa conduz negociações com governos do Paraguai, Argentina e Colômbia, com o objetivo de oferecer soluções voltadas para defesa, segurança pública e cibersegurança.
A informação foi divulgada pelo portal BPMoney, em matéria assinada por João Neves e Fernanda Capelli, que entrevistaram Rodrigo Torres, CFO global do EDGE Group. O conteúdo detalha a estratégia da empresa para consolidar o Brasil como peça-chave em sua expansão internacional, além de destacar os planos de colaboração com universidades brasileiras de ponta.
A estratégia adotada pelo grupo reforça o Brasil como um polo emergente de inovação, tecnologia e produção no setor de defesa, ao mesmo tempo que projeta o país no cenário internacional de exportações e parcerias.