Uma sequência de acidentes envolvendo caças F/A-18 Super Hornet a bordo do porta-aviões USS Harry S. Truman levanta preocupações sobre a atuação americana no Mar Vermelho e a escalada de tensões com os Houthis, apoiados pelo Irã.
Nos últimos meses, o Mar Vermelho se transformou em uma zona de alto risco para as forças navais dos Estados Unidos.
Segundo informações do portal ”AIRWAY”, Três jatos F/A-18 Super Hornet foram perdidos em menos de cinco meses em diferentes incidentes a bordo do mesmo porta-aviões, o USS Harry S. Truman, revelando uma combinação de falhas operacionais, ameaças externas e a crescente complexidade da presença militar dos EUA na região.
O caso mais recente aconteceu em 6 de maio de 2025, quando um caça F/A-18F Super Hornet caiu no mar após falhar no procedimento de pouso ao tentar usar o gancho de parada, um equipamento essencial para pousos em porta-aviões. A aeronave fazia parte do esquadrão VFA-11, conhecido como “Red Rippers”.
Os dois pilotos conseguiram se ejetar a tempo e foram resgatados com vida por um helicóptero MH-60 Seahawk do esquadrão HSC-11.
Um rastro de perdas e tensão militar crescente
Este não foi um evento isolado.
Menos de uma semana antes, em 28 de abril, outro caça Super Hornet foi perdido, dessa vez de forma ainda mais incomum: a aeronave caiu diretamente do convoo do USS Harry S. Truman após uma manobra evasiva contra fogo inimigo.
O portal CNN Brasil afirmou que a embarcação precisou desviar rapidamente de um ataque houthi vindo da costa do Iêmen, o que pode ter desestabilizado o avião parado no deck de voo e levado à sua queda no mar.
Essas ocorrências mostram o quão vulnerável a operação militar americana se tornou frente aos avanços dos Houthis, grupo rebelde apoiado logisticamente pelo Irã e que tem adotado ações cada vez mais ousadas contra alvos ocidentais.
O incidente de dezembro: um abate acidental constrangedor
Somando-se à série de perdas, em dezembro de 2024, um terceiro Super Hornet foi derrubado por engano por um míssil lançado por um navio aliado, o destróier USS Gettysburg.
O projétil foi disparado durante um exercício de prontidão, mas atingiu a aeronave de forma acidental, levantando sérias questões sobre os protocolos de segurança e comunicação entre unidades navais dos EUA.
Assim como nos outros casos, os tripulantes conseguiram se ejetar e foram resgatados com vida.
Escalada militar americana e ataques dos Houthis
O USS Harry S. Truman e sua tripulação têm estado no centro das operações americanas na região, especialmente na campanha aérea contra alvos houthi no Iêmen, que foi iniciada ainda durante o governo Biden, mas intensificada nas últimas semanas sob Donald Trump.
Além do Truman, outro porta-aviões nuclear, o USS Carl Vinson, também foi deslocado para a região, ampliando a presença militar dos EUA e sinalizando uma resposta mais agressiva aos ataques rebeldes.
Apesar da intensificação do conflito, a Casa Branca anunciou que chegou a um acordo temporário com os Houthis, buscando encerrar os ataques contra a navegação comercial e militar no Mar Vermelho.
Esse cessar-fogo foi descrito como frágil, já que envolve uma facção conhecida por romper pactos quando favorece seus objetivos estratégicos.
Impactos geopolíticos e o desgaste operacional
A série de incidentes envolvendo o USS Harry S. Truman destaca o crescente desgaste das forças americanas em missões prolongadas e de alta intensidade.
Além da ameaça direta dos Houthis, que conseguiram adquirir mísseis e drones avançados com apoio iraniano, as falhas logísticas e os erros humanos internos também se tornaram protagonistas das tragédias.
O F/A-18 Super Hornet, apesar de ser um dos caças mais confiáveis da Marinha americana, começou a mostrar sinais de vulnerabilidade diante do novo cenário operacional, especialmente em ambientes com ataques assimétricos e ameaças tecnológicas não convencionais.
O simbolismo do USS Harry S. Truman
O porta-aviões nuclear USS Harry S. Truman, peça-chave da dissuasão naval dos EUA, acabou se tornando o cenário de uma sucessão de fracassos e vulnerabilidades militares.
Com três caças perdidos em menos de cinco meses e uma rotina de ataques, a embarcação agora carrega consigo a marca simbólica da crescente instabilidade na região e dos desafios enfrentados pelos EUA em manter sua influência global.
A depender dos próximos capítulos dessa operação naval, o Mar Vermelho pode se transformar no mais novo epicentro de atritos entre Washington, Teerã e seus respectivos aliados e rivais.