Diferença entre vida e morte na Floresta – Atuação heroica, militares do Exército resgatam crianças indígenas
Em tempos de turbulência política, é bom e justo que se dê o devido relevo a um papel bastante sensível recorrentemente desempenhado pelo Exército Brasileiro. Sendo um país desértico, no quesito povoamento, a presença quase onipresente dos nossos guerreiros camuflados pode significar a diferença entre a vida e a morte de muitos brasileiros que vivem afastados dos grandes centros e amargam uma carência crônica de cuidados básicos disponibilizados pelo poder público nos centros urbanos.
Em três comunidades de terras Yanomamis – Kunamariú, Hokomaua e Yaritobi – na região do Surucucu, em Roraima, os militares do 4º Batalhão de Aviação do Exército (4º BAvEx) levaram adiante a importante missão de resgatar crianças que necessitavam de tratamento médico. Atuando em parceria com os militares do 4º Pelotão Especial de Fronteira/Surucucu e com profissionais de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), os militares cumpriram a missão entre os dias 31 de dezembro de 2022 e 2 de janeiro deste ano.
As fortes chuvas do período dificultaram o plantio e a colheita na região, o que provocou nas crianças indígenas, devido à deficiência alimentar, quadros severos de desnutrição e de desidratação. Uma delas tinha malária e outra pneumonia. Vinte pessoas das comunidades foram evacuadas para o Polo Base Surucucu. Esses dados foram fornecidos pelos profissionais de saúde ao Major Schiavon, piloto do 4º BAvEx.
A missão enfrentou o risco de encontrar mau tempo e com ele a possibilidade de perder visibilidade. Segundo o Major Schiavon “uma das comunidades fica quase na fronteira com a Venezuela”. Ele diz que chegou a fazer “um gerenciamento de pouso”, pois “havia o risco de o tempo fechar”. “Mas, graças a Deus, conseguimos cumprir toda a missão nas três comunidades”, comemorou o Major Schiavon.
Devido às condições climáticas, os militares do 4º BAvEx só conseguiram retornar a Manaus no dia 2 de janeiro. “Na aviação é comum viajarmos bastante, inclusive em datas comemorativas. Claro que preferimos passar datas como essa em casa, com a família, mas numa situação dessa nós vamos sem titubear, porque sabemos da importância da missão e do quão necessária ela é”, arrematou o piloto.
A equipe partiu no dia seguinte ao recebimento da missão. Os trabalhos iniciaram, com plano de voo, preparação da aeronave, instalação de tanque de translado, separação de materiais, entre outros procedimentos. Em seguida, os militares se deslocaram à Base Aérea em Boa Vista (RR), em voo com duração de três horas. Após o abastecimento e mais uma hora e meia de voo, chegaram ao 4º Pelotão Especial de Fronteira/Surucucu (4º PEF Surucucu). Ainda no PEF, foi feita uma nova programação de peso e combustível para partirem para o resgate das crianças nas comunidades.
Para os brasileiros que vivem no “deserto verde” da Amazônia as Forças Armadas, e principalmente o Exército, são o ponto de contato entre suas necessidades mais urgentes e o outro lado da linha estatal que poderá solucionar essas carências. “A missão foi importante porque era o único meio de evacuação daquelas crianças para receber cuidados médicos adequados, já que a tribo mais perto fica a cinco dias de caminhada, por trilha através selva, do 4º PEF”, pontuou o Major Schiavon.
Selva!! JB Reis – https://www.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito/-/asset_publisher/znUQcGfQ6N3x/content/id/16475301