Em bom artigo no site O Cafezinho, Cleber Lourenço – usando um título que remete a declarações do controverso general da reserva Eduardo Villas Bôas – Aproximações sucessivas – levanta uma tese interessante, que alerta para o uso das gigantescas estruturas das Forças Armadas Brasileiras, não para defender o país, mas para defender os membros das tradicionais famílias de generais de serem submetidos a processos judiciais e disciplinares.
O jornalista dá uma demonstração da ágil e eficaz aplicação da máquina militar para tentar colocar freio na escalada de acusações que recaem sobre a cúpula armada.
“Na última quinta-feira (17), um ofício do Ministério da Justiça divulgado pelo site Sociedade Militar mostrou que, diferente de outros anos, a Polícia Federal não irá acompanhar os militares nos desfiles do feriado do 7 de setembro. A medida vem de uma determinação do Cerimonial da Presidência da República… ”
A semana de fato foi terrível para os generais, com revelações trágicas, incluindo a fala de um hacker que alega ter sido o verdadeiro “perito” que gerou relatório sobre as urnas eletrônicas, que entrava e saia do Ministério da Defesa sempre que era preciso.
Realmente, o que os exércitos fazem quando seus países estão prestes a ser atacados? Fazem desfiles militares e demonstram suas armas, sua força e disposição para lutar. Nessa terça-feira (15/08) a Polônia fez isso, um grande desfile como demonstração de força diante das ameaças da Rússia e Bielorrússia.
Cleber talvez não saiba ainda, mas de fato a definição militar para dissuasão se encaixa perfeitamente no uso que fez do termo. O Manual MD35-G-01, Glossário das Forças Armadas, a define como sendo uma: “Atitude estratégica que, por intermédio de meios de qualquer natureza, inclusive militares, tem por finalidade desaconselhar ou desviar adversários, reais ou potenciais…“
O articulista apresenta em seguida a reação, a demonstração de força (uma das muitas).
“… na sexta-feira (18), uma nota publicada no Estadão era uma verdadeira ameaça anônima de generais contra a República. Uma flagrante e direta resposta contra o andamento das últimas investigações e operações que visam acabar, momentaneamente, com uma série de crimes nas forças armadas.”
A articulista disserta sobre a relação entre Lula e as Forças Armadas e sobre o que considera um paradoxo, a luta por ampliação do protagonismo das Forças Armadas hoje travada pelo atual comandante. Termina dizendo que na verdade o “generalato” luta desesperadamente para manter – resumindo – status e regalias.
“A única coisa que os militares precisam é manter esse estado de ameaça permanente, imobilizando, cooptando e drenando o orçamento público para a manutenção dos seus benefícios. Se em 1964 os militares atuavam por ideologia e ganância, agora restou apenas a ganância.”
O texto está em: https://www.ocafezinho.com/2023/08/20/aproximacoes-sucessivas/
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